Ultimamente muito se tem ouvido falar em Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar, sua formação, as controvérsias em redor de tudo isto. Ora bem depois de me pensar sobre muito o que tenho lido e ouvido, apraz-me aqui dizer algumas coisas, e para isso vou recuar ao passado.
Desde à muitos anos que o transporte e socorro a vitimas acometidas de doença súbita, e ou acidentes dos variadíssimos tipos que sempre o foram com recurso aos bombeiros, que emergiram por necessidade e organização da sociedade civil. Estes ao longo dos anos pela proximidade e georreferenciação foram e continuam a ser o garante do socorro às populações, são aqueles que no mais curto espaço de tempo conseguem estar onde é preciso.
Na década de 80, a formação nesta área dividia-se em dois: aos corpos de bombeiros que não tinham protocolo com o INEM (que nasce em 1981 por extinção do SNA, onde tinham até então ambulâncias tripuladas por elementos da GNR, PSP e bombeiros) a Cruz Vermelha Portuguesa assegurava dois tipos de cursos, o essencial de socorrismo e o de adaptação em ambulâncias, ambos com um total de 24hrs. Já no que concerne aos corpos de bombeiros com protocolo com o INEM (com ambulância cedida pelo INEM), aqui era o instituto que assegurava a formação, dos agentes da PSP e dos elementos dos corpos de bombeiros, num total de 210 hrs.
Ora se nos grandes centros urbanos, o socorro era garantido quer pelo INEM, com ambulâncias operadas pela PSP, fora dos grandes centros, esse socorro era garantido pelos bombeiros. Neste ultimo caso tínhamos corpos de bombeiros com ambulância INEM e outros (muitos mais) sem a dita ambulância, logo por aqui se pode ver a grande assimetria no que concerne à formação nesta área para o mesmo fim.
Já nesta altura o curso ministrado pelo INEM não tinha o nome de Tripulante de Ambulância de Socorro (TAS), mas Tripulante de Ambulância de Emergência Médica (TAEM), conforme diploma passado pelo próprio instituto. No decorrer do primeiro regulamento de transporte de doentes data do ano de 1992 e posteriores é que se passou a designar por TAS.
Ora bem, passamos então aos dias de hoje! Com a necessidade de crescimento do INEM em 2004, ao longo do tempo houve a necessidade de criar uma carreira dentro do instituto para agregar todos os elementos que prestam serviços nos meios de emergência. Contra isso nada a opor e acho justo que a tenham, que lutem por mais formação e condições de trabalho.
Então, assim na década de 80, princípio de 90, havia uma enorme assimetria no que concerne à formação das tripulações das ambulâncias, e só se começou a ver diferenças quando a partir do meio da década de 90 a Escola Nacional de Bombeiros iniciou a formação nesta área, quer a nível TAT/TAS, aqui sim para todos os corpos de bombeiros a nível nacional, quer tivesse ambulância INEM ou não. E a partir daqui houve um melhoramento na prestação do socorro a nível nacional e aqui é notório o trabalho desenvolvido na área.
O País não sofreu alterações morfológicas, as cidades, vilas e aldeias continuam no mesmo sítio dos nossos antepassados, então logo são os corpos de bombeiros pela sua proximidade e georreferenciação que continuam na linha da frente no socorro. Ou seja a mim parece-me, que esta nova formação que o INEM está prestes a iniciar, os TEPH, que mais uma vez irá servir para criar as assimetrias do passado, alimentar uma carreira própria dentro do instituto, já que os meios que o instituto opera directamente continuam nos grandes centros urbanos e são a nível nacional meios residuais comparados com todos os outros agentes que prestam o socorro.
A grande questão que se coloca é: será que não é altura de alguém dar um murro na mesa e dizer basta? Será que vamos novamente a ter socorro de primeira e de segunda? É isto que os outros agentes querem?
Ora bem, acho que de uma vez por todas o paradigma do socorro em Portugal tem que mudar, a todos os níveis, separar o trigo do joio, mas que o socorro seja igual de Norte a Sul e de excelência. Profissionalização sim? Voluntariado sim? Há que mudar, evoluir, não ficar agarrado a um passado, mas sim aprender com ele.
Bem Hajam todos
Vitor Matos
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