ANPC Interrompe uma "Prática Habitual" de Reparar os Kamov - VIDA DE BOMBEIRO

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domingo, 1 de abril de 2018

ANPC Interrompe uma "Prática Habitual" de Reparar os Kamov


Ministro da Administração Interna diz que a Proteção Civil fechou hangar dos helicópteros "na defesa do interesse público e nacional". Empresas estranham nova orientação.

O folhetim em torno dos helicópteros Kamov prosseguiu ontem em tom aceso, a 45 dias do início da época de fogos e quando o Estado voltou a falhar o aluguer de meios de asa rotativa para esse combate.

A nova polémica surgiu na noite de quarta-feira, quando se soube que a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) encerrara, na véspera, as instalações do aeródromo de Ponte de Sor onde os Kamov estavam em manutenção. Também foram afastados os técnicos e responsáveis envolvidos nas reparações, que alegadamente estavam a movimentar equipamentos e peças dos aparelhos sem comunicação ou autorização prévias.

Ontem, o ministro da Administração Interna expressou apoio à ANPC, argumentando que a decisão foi tomada "na defesa do interesse público e nacional". Esse organismo, sob fogo cerrado desde os incêndios trágicos de 2017 e agora chefiado por Mourato Nunes, um general do Exército que já foi comandante-geral da GNR, "salvaguarda o interesse nacional naquilo que é a defesa da operacionalidade e de uma relação contratual com entidades privadas", prosseguiu Eduardo Cabrita.

Segundo a ANPC,o seu hangar "em Ponte de Sor, onde se encontra localizada a frota de helicópteros Kamov, propriedade do Estado português, foi na terça-feira interditado" depois "de se ter constatado a movimentação de material da mencionada frota, por parte da Heliavionicslab (subcontratada da Everjets), sem ter sido efetuada a identificação do referido material, nem ter sido solicitada a necessária autorização".

Os pressupostos da ANPC foram rejeitados pela Everjets (operadora dos Kamov) e pela empresa de manutenção. "O que é demais basta e a Heliavionicslab vê-se obrigada a efetuar o presente comunicado perante as infames insinuações perpetradas pela ANPC sobre um eventual desvio de peças das aeronaves Kamov que teria conduzido à selagem do hangar de Ponte de Sor. Mais surpreendente se torna ainda que a ANPC tenha emitido um comunicado no qual é afirmado que a ANPC selou tal hangar e se encontra a aguardar esclarecimentos", afirmou a empresa de manutenção, após lembrar que tem evitado tomar posições públicas sobre as polémicas relacionadas com os contratos de aeronavegabilidade e de reparação dos helicópteros.

A Everjets também contra-atacou, sublinhando que a movimentação de peças dos Kamov sem autorização prévia da ANPC "sempre foi normal" ao longo dos anos. A própria Heliavionicslab garantiu que isso estava a ser feito entre instalações dentro do perímetro do aeródromo e a pouca distância uma da outra: a empresa "não se encontrava a efetuar qualquer desvio de peças ou componentes das aeronaves Kamov, limitando-se a transportar peças que se encontram a ser objeto de ações de manutenção para o seu laboratório aeronáutico, a menos de 300 metros do hangar da ANPC". Mais, acrescentou, "como sempre efetuou desde o início da execução do contrato de manutenção desde há mais de dois anos".

Note-se que essa prática não significa que as autorizações prévias da ANPC fossem desnecessárias, algo a que tanto a Everjets como a Heliavionicslab são omissas. Esta última limitou-se a observar que desconhecia "qual a atuação que a ANPC lhe imputa que tenha sido diferente do que sucede desde o início da execução do contrato de manutenção que levou à restrição de acesso, por esta entidade, ao hangar" em Ponte de Sor.

Certo é que a Everjets alertou que a prontidão dos helicópteros para combater incêndios a partir de 15 de maio ficou "seriamente comprometida". Sobre isto, o ministro Eduardo Cabrita assegurou que Portugal vai ter "este ano o melhor quadro de defesa do país com meios aéreos que já alguma vez" existiu - "porque vamos ter ao longo de todo ano, o que nunca aconteceu, uma resposta, quer em helicópteros, quer em aviões, que estarão à disposição do país todo o ano".

Mas o presidente da Liga dos Bombeiros, Jaime Marta Soares, mostrou reservas ao DN, em especial por ainda não haver helicópteros contratados. É possível "fazer-se a negociação do que falta" mas "vamos ter piores meios e com mais custos", porque outros países "também precisam" dos aparelhos "e não fazem as coisas em cima do joelho".

Para Marta Soares, "o mínimo que o país precisa" em matéria de meios aéreos ligeiros, médios e pesados são "45 a 50" aparelhos. E os helicópteros são "muito importantes" porque permitem atacar os fogos na sua fase inicial, colocando equipas helitransportadas mais depressa nos locais e facilitando um combate mais rápido. 

Fonte: DN

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