Heróis e Transparência - VIDA DE BOMBEIRO

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terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Heróis e Transparência


Todos os anos falamos deles quase até ao limite do suportável. Quase sempre pelas piores razões, alheias ao seu trabalho, é justo que fique claro. E todos os anos os saudamos como heróis. São-no muitos deles. Os bombeiros voluntários, homens e mulheres abnegados: enfrentam os cenários mais difíceis para ajudar e, quantas vezes no limite, salvar o próximo. No verão, uma estação agora mais longa e imprevisível, assumem o papel principal nas páginas dos jornais, nas aberturas dos noticiários da televisão e da rádio. Um país a arder torna-os protagonistas.

As fragilidades, no entanto, persistem. Não na sua ação - do homem e da mulher que combatem as chamas até serem vencidos pelo cansaço - mas nas estruturas que os acolhem. O último relatório do Tribunal de Contas retira margem a qualquer dúvida: é deficiente o controlo feito pela Autoridade Nacional de Proteção Civil às contas dos bombeiros voluntários. Os juízes do Tribunal de Contas apontam o dedo a comportamentos que se eternizam, referenciados noutras auditorias, sem que entretanto fossem corrigidos. "Continua a existir um inadequado sistema de controlo da prestação de contas das associações humanitárias de bombeiros", não existem procedimentos uniformes de classificação e contabilização, e ressalta ainda uma "insuficiente normalização de procedimentos".

Em síntese: falta rigor. O que não é coisa pouca quando falamos de instituições que, por exemplo, no ano de 2016 receberam da Autoridade Nacional de Proteção Civil 67,9 milhões de euros. Estamos perante um nebuloso universo onde nem sequer está apurado o número de associações de facto existentes e apoiadas. Os dados não coincidem entre o que publicita a ANPC e o que é oficial - ou seja, as associações que se encontram no Instituto de Registo e Notariado. Carece portanto de transparência uma das estruturas fundamentais na segurança da população. E quando ouvimos certos dirigentes dos bombeiros a fazer ultimatos, sempre que alguém ousa mexer um bocadinho no poder instalado, é caso para perguntar: o que faz correr estes personagens?

Paula Ferreira - EDITORA-EXECUTIVA-ADJUNTA JN

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