Duplicam-se os guardas e os sapadores florestais, reforça-se a FEB, aumentam-se os GIPs, o Exército compra drones, cozinhas e tendas de campanha, adquirem-se meios aéreos, anuncia-se formação a 300 oficiais da GNR para assumirem o comando das operações de protecção e socorro, alarga-se a todo o País a rede de núcleos bombeiros profissionalizados, ao que parece sem pretender criar uma estrutura pública paralela e muito menos substituir os corpos de bombeiros voluntários.
Tudo isto do pé para a mão, num abrir e fechar de olhos.
Ainda fui à farmácia comprar uma caixa de cotonetes, não fosse ter ouvido mal, mas não, não era da audição, no rádio, já de ouvido mais limpo e arejado, escutei o mesmo.
E depois ao optometrista mudar de lentes, as velhas já tinham ultrapassado os dois anos, não fosse estar a ficar pitosga, mas as letras do jornal lá continuavam, bem escarrapachadas, e a notícia no mesmo benigno sentido.
Nem me passa pela cabeça que sejam medidas impensadas, do tipo promessas eleitorais para enganar o pagode.
Nem que se trate da ilusão mirífica de um instante.
Afinal, há dinheiro.
E suspirei de alívio.
Da minha parte, pouco habituado à folgança, vou desconfiando de tanta fartura.
Entretanto, à margem de uma inauguração no IPMA, o Ministro da Administração Interna garantiu que "não vai ser extinto nenhum corpo de bombeiros".
Convenhamos que também não pode fazê-lo, era só o que faltava, o mais que o governo pode fazer é deixá-los a pão e água, à míngua e à secura.
Porque a soberba e a estultícia não andam à solta, a governança não se atreverá a tanto.
Entretanto, saúdo o reforço da componente profissional no voluntariado e tudo o que passa por aumentar a prontidão e melhorar a capacidade de resposta no socorro e na emergência.
Numa sociedade moderna e com lideranças esclarecidas, só pode ser assim.
Não é isso que me incomoda, não sou um Velho do Restelo nem fiquei entrincheirado no passado com retórica ultrapassada, relambório ameaçador e discursata degradante.
O que me inquieta é que o bombeiral anda murcho e frouxo, mais parecendo na teia de um remansoso e tardo idílio com o Governo.
O que me desassossega é sentir que os bombeiros, depois de anos a porem-se a jeito, talvez estejam prestes, agora, a levar um valente e certeiro pontapé no cu.
Isso é que me custa!
O resto, são peanuts e emblemas de lapela.
Broches.
Rebelo Marinho
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