Os bombeiros estão este ano com grandes dificuldades em travar incêndios que rapidamente atingem grandes dimensões – inclusive de tragédia, no caso de Pedrógão Grande, com dezenas de mortos. No terreno, a relação entre a Autoridade Nacional da Proteção Civil e os bombeiros já conheceu melhores dias. Agora a tutela proibiu os comandantes de falar à comunicação social.
CM – O que é que está este ano a correr mal no combate aos incêndios florestais?
Jaime Marta Soares – A nossa floresta está pior a cada ano que passa. É uma autêntica selva. Por outro lado, temos tido dias de muito calor com vento forte. Estas condições são explosivas e favoráveis ao evoluir das chamas.
– Não acha que o combate inicial aos fogos está a falhar?
– Sim. Em minha opinião, o primeiro helicóptero a avançar devia levar logo um balde pronto a descarregar água. O que se passa é que primeiro leva uma equipa de sapadores e só depois vai começar a trabalhar com o balde.
– É dos que mais critica a lei da rolha imposta pela ANPC. Qual será o grande objetivo deste filtro comunicacional?
– Não vejo outro motivo que não seja a tentativa de encobrir a incompetência de muitas pessoas que ocupam o topo da pirâmide em todo este sistema da proteção civil.
– Os incêndios florestais deste ano confirmam que se voltou a falhar na prevenção e deteção. Concorda?
– Sim, há grandes falhas a montante dos incêndios. Tem de se apostar na rápida deteção dos focos de incêndios, colocando meios aéreos no ar em vigilância na hora crítica do começo dos fogos [entre as 13h00 e 16h00]. Os aeroclubes podem ter aqui um papel importante.
– O Ministério da Administração Interna estava preparado para fazer face aos incêndios florestais?
– Não estavam preparados para situações extremas como temos vivido este ano. Os responsáveis pela tutela terão ficado surpreendidos com muitas coisas que aconteceram.
– Espera um verão difícil?
– Se o São Pedro não vestir a farda de bombeiro vai ser muito complicado.
Correio da Manhã
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