Bombeiros de Aveiro Corrigem Declarações "Ofensivas" do Secretário de Estado - VIDA DE BOMBEIRO

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domingo, 11 de junho de 2017

Bombeiros de Aveiro Corrigem Declarações "Ofensivas" do Secretário de Estado


A Federação dos Bombeiros do Distrito de Aveiro classificou hoje de "ofensivas" as declarações do secretário de Estado da Administração Interna que descreveu os bombeiros portugueses como "amadores" e erradamente lhes atribuiu remunerações médias de 1.350 euros mensais.

Essa posição foi tomada numa conferência de imprensa destinada a corrigir as afirmações de Jorge Gomes a 17 de maio, na Assembleia da República, durante a apresentação do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais.

"A Federação dos Bombeiros do Distrito de Aveiro, representativa das associações humanitárias do distrito, repudia de forma veemente as declarações atribuídas ao Secretário de Estado que se dirigiu de uma forma ofensiva a todos os bombeiros portugueses", declarou Marco Braga, presidente da estrutura.

O mesmo responsável começou por se referir à frase "Os bombeiros não são profissionais. São amadores" para defender que os elementos das corporações nacionais são, isso sim, "voluntários por opção e profissionais na ação".

Marco Braga acrescentou, aliás, que só "5% a 6% da atividade dos bombeiros é relativa a fogos florestais", já que os restantes elementos das corporações se repartem por funções na Força Especial de Bombeiros, nos Grupos de Intervenção Permanente da GNR, no Ministério da Saúde e no Instituto Nacional de Emergência Médica.

Além disso, "não é conhecida qualquer greve de bombeiros, ao contrário do que acontece no INEM com os seus 'profissionais', cujo exercício desse direito constitucional perde impacto com a força 'amadora' que é a dos bombeiros".

Já no se refere às declarações de Jorge Gomes a propósito de uma despesa anual do Estado que seria de 22 milhões de euros e resultaria de 45 euros de remuneração diária aos bombeiros, perfazendo os 1.350 euros por mês, Marco Braga também corrige o governante: "Esse argumento é falso porque o valor de 45 euros por dia é por cada 24 horas de disponibilidade do bombeiro para o combate no âmbito do dispositivo. Para auferir de 1.350 euros mensais, o bombeiro teria que trabalhar 720 horas por mês [ou seja, 30 dias consecutivos, a 24 horas por dia]".

No distrito de Aveiro, a realidade é que a remuneração tem "o valor de de 1,85 euros por hora, o que permite a cada bombeiro auferir uma compensação média entre os 250 e os 300 euros".

Jorge Gomes revelou assim, disse, "desconhecimento e menosprezo pelo voluntariado que não está afeto a Equipas de Combate a Incêndios e que apoia no combate a fogos".

Finalmente, quanto às declarações do governante sobre o processo de nomeação do Segundo Comandante Distrital de Operações de Socorro, Marco Braga reconhece que o processo refletiu "desgaste e desconforto" perante situações que, embora sentidas noutras regiões do país, "são particularmente graves no distrito de Aveiro", cuja área ardida em 2016 foi três vezes superior à média dos últimos 10 anos.

Esse "mal-estar" deve-se, referiu, a um financiamento cuja configuração atual se verifica "ao arrepio do que havia sido prometido", a uma diretiva financeira assente em pressupostos que não consideraram as correções propostas pelos bombeiros e à inexistência de um Comando Único de Bombeiros que seja um interlocutor "em posição de igualdade com os outros agentes da Proteção Civil", sobretudo ao nível da atribuição de meios físicos.

Considerando que esses fatores não ajudam a superar a crise que se verifica no distrito também ao nível do voluntariado, dado que "neste momento há mais elementos civis com formação de bombeiro (50.000) do que Bombeiros Voluntários", Marco Braga exige "respeito e consideração por todos os bombeiros de Portugal".

"Não nos revemos em declarações que nos relegam a uma posição de desagradáveis rebeldes. Queremos adequação dos valores efetivamente pagos a todas as forças e elementos presentes nos teatros operacionais, de forma equitativa e de acordo com o seu envolvimento no desfecho das ocorrências, e que a Lei do Financiamento cumpra a promessa de que nenhuma associação de bombeiros seria penalizada", concluiu.

Fonte: DN

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