Quando, no início do ano letivo, os 16 alunos da turma 9º A da escola Dr. Bissaya Barreto, em Castanheira de Pera, começaram a fazer um mealheiro, o objetivo era ajudar a financiar a sua viagem de finalistas do 3º ciclo ou um jantar para todos.
Mas, no início do terceiro período, o aluno Daniel Fonseca - primo direito de Gonçalo Conceição, o bombeiro que morreu no incêndio - deu uma ideia unanimemente aceite pelos colegas: usar a verba numa ação social, entregando-a aos Bombeiros Voluntários de Castanheira de Pera. "Orgulha-me a humanidade que estes jovens mostraram muito antes de se imaginar a tragédia", diz ao CM o professor Paulo Silveiro, diretor de turma.
A entrega dos pouco mais de 300 euros iria ser concretizada hoje, após o exame de português entretanto adiado. "Venderam bolos, sumos, sortearam rifas e recentemente organizaram mais um sorteio de um cabaz, visando aumentar a receita para os bombeiros", explica. Muitos dos alunos estão agora marcados pela tragédia. O caso de Beatriz Damásio é o mais dramático: a aluna nº 4 perdeu a mãe, Eliana, o pai, António e o tio, Nelson, apanhados pelas chamas em Sarzedas de São Pedro. "A maioria dos professores e alunos da escola percorrem todos os dias aquela a que agora se chama a estrada da morte", afirma Paulo Silveiro.
A entrega da ajuda aos Bombeiros de Castanheira de Pera está adiada. "Mas vai fazer-se. Por vezes critica-se a falta de valores desta geração, mas há jovens assim que nos sensibilizam e orgulham", assegura.
Correio da Manhã
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