Os bombeiros do distrito de Évora exigiram hoje um pedido de desculpas ao secretário de Estado da Administração Interna pelas declarações "desastradas e ofensivas" sobre a comparticipação aos voluntários que integram o combate aos incêndios.
Em causa estão as declarações do secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, na apresentação do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais (DECIF), no dia 17 deste mês, na Assembleia da República.
O governante afirmou então que a comparticipação aos bombeiros que integram o DECIF vai manter-se nos 45 euros por dia, sublinhando que um bombeiro recebe, ao final do mês, 1.350 euros, montante que totaliza uma despesa para o Estado de 22 milhões de euros por ano.
"No mínimo, exigimos um pedido de desculpas. Nenhum bombeiro ganha isso, porque ninguém consegue estar 24 horas sobre 24 horas a combater incêndios", afirmou à agência Lusa o presidente da Federação dos Bombeiros do Distrito de Évora (FBDE), Inácio Esperança.
O pedido de desculpas aos bombeiros pelas declarações que consideram "desastradas e ofensivas" contra a classe consta numa moção aprovada, por unanimidade, pela direção da FBDE e pelas associações do distrito.
No texto, os bombeiros referem que, até que o pedido não aconteça, "não convidarão mais o secretário de Estado Jorge Gomes para eventos a realizar no distrito de Évora".
Os bombeiros escrevem na moção que o secretário de Estado ignorou o facto de que cada bombeiro, para "perfazer aquele montante mensal, teria de trabalhar 24 horas por dia durante 30 dias seguidos", o que é "humanamente impossível e ilegal".
Inácio Esperança disse ainda que os bombeiros estão descontentes com outras decisões do Governo, nomeadamente em relação aos equipamentos de proteção individual e ao papel desempenhado pelos bombeiros nos fogos florestais.
"Vemos com desagrado" a disponibilização de equipamentos de proteção individual ao Exército, que "não tem viaturas, nem meios para combater incêndios", para "fazer rescaldo, quando os bombeiros precisavam desse equipamento", advertiu.
O presidente da FBDE considerou que os bombeiros estão a ser "relegados para segundo ou terceiro plano, quando são 90 por cento da força que integra do DECIF".
A moção vai ser enviada para o secretário de Estado e para a ministra da Administração Interna, Presidência da República, gabinete do primeiro-ministro, Liga dos Bombeiros Portugueses, federações distritais e aos grupos parlamentares.
Fonte: Noticias ao Minuto
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