A discussão dos novos estatutos da Liga de Bombeiros Portugueses (LBP) ficou marcada por acusações de concentração de poderes no presidente e uma proposta de adiamento, que foi recusada pelos delegados reunidos na Figueira da Foz.
Durante a manhã de ontem, os 471 delegados ao 20.º congresso extraordinário da LBP, que decorre no Casino da Figueira da Foz, discutiram a proposta de novos estatutos, que ficou marcada por acusações de concentração de poder no presidente da Liga, Jaime Soares.
José Caetano, dos bombeiros do Barreiro, acusou Jaime Soares de usar da palavra "a cada intervenção" dos congressistas "como se tivesse direitos especiais" e disse que a associação que dirige não teve tempo para discutir o documento por só o ter recebido na passada segunda-feira.
"[Os novos estatutos] propõem alterações radicais, fim de órgãos, alteração de competências. Estamos a ser confrontados com a institucionalização do poder absoluto numa pessoa", frisou José Caetano.
O delegado ao congresso foi um dos signatários - junto com outras corporações, a maioria do distrito de Setúbal - de uma proposta para adiar a votação dos estatutos para uma segunda reunião, mas o requerimento acabaria chumbado pela maioria dos participantes.
Também Luís Brito, dos bombeiros de São Romão, concelho de Seia, contestou o que disse ser o "excessivo presidencialismo" dos novos regulamentos da LBP, e Jacinto Domingos, dos bombeiros voluntários de Algueirão-Mem Martins (Sintra) defendeu que a "concentração de poder deve ser evitada a todo o custo".
Jacinto Domingos definiu ainda como "deselegante e eticamente reprovável" que o conselho consultivo da LBP "seja extinto sem ter sido ouvido".
Já Armando Soares, dos bombeiros do Dafundo, apelou para a união dos bombeiros reunidos na Figueira da Foz.
"O presidente da Liga ter poderes reforçados não me choca, são poderes de gestão diária", argumentou.
Na resposta aos contestatários, Jaime Soares refutou as acusações de concentração de poderes, apelidando os críticos, sem especificar, de "grupo de interesses politico-partidários".
Em declarações à Lusa no final da sessão da manhã - o congresso extraordinário retoma os trabalhos durante a tarde de hoje -, o presidente da Liga contestou que "uma minoria, um grupo de 10 ou 15 queira impor a sua vontade a 400 ou 500" participantes.
"Como é que é possível esses tais dizerem que não tiveram tempo [para discutir as alterações aos estatutos], terem um discurso de adiamento, meia dúzia a quererem dominar todos os outros, quando eles próprios apresentaram propostas concretas", alegou Jaime Soares.
O presidente da LBP refutou as acusações de concentração de poderes, lembrando que uma das propostas passa, precisamente, por limitar os mandatos do presidente da Liga a três consecutivos, embora a duração de cada um passe dos atuais três anos para quatro.
Fonte: Noticias ao Minuto
Foto: BPS
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