Depois da fúria das chamas, agora é tempo de recuperar o sossego e do rasto de destruição em muitas aldeias serranas do concelho de São Pedro do Sul. O incêndio que durou seis dias, e que está a ser investigado pela tutela por suspeitas de negligência na sua abordagem inicial, destruiu 12 mil hectares de mato e floresta, um terço do território do concelho.
"Olho para aqui [casa destruída pelo fogo] e dói-me o coração. Cada pedaço de madeira queimado e pedra derrubada significam dias de muito trabalho mas temos força para renascer, colocar isto de pé e seguir com a vida". O desabafo de João Martins, habitante da aldeia de Soito, onde o fogo destruiu seis habitações, pode espelhar o sentimento de centenas de pessoas que viram os seus bens reduzidos a cinzas pelo fogo.
"A mim também me ardeu uma casa no Soito", refere Maria da Graça, agora a viver em Macieira. "Eu tive que fugir com os meus netos. Sabia que o fogo ia chegar aqui [Soito] e fui dormir a São Pedro do Sul", diz Maria Alda. Na vizinha aldeia de Posmil, as chamas bateram à porta e os oito habitantes foram evacuados. "Acordei e quando olhei pela janela e vi o fogo a vir na nossa direção disse à minha mãe para fugirmos. A casa salvou-se mas perdemos tudo o resto", lamenta Carlos Oliveira, de 34 anos, o cidadão mais novo daquela aldeia.
Emília Rocha, de 74 anos, foi aconselhada a sair pela GNR, mas resistiu e ficou para salvar a sua casa. "Queria ver o fundo à panela. Não ia abandonar assim a minha casinha. Tive muito medo mas consegui escapar ao fogo", adianta a idosa, agora mais aliviada mas com uma paisagem negra. "Esta serra nunca vai ser como era", diz.
A GNR evacuou cinco aldeias por precaução.
Fonte: CM
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