Sentimentos que Tenho de "Deitar cá para Fora" - VIDA DE BOMBEIRO

______________________________________________________________________

________________________________________________________________

________________________________________________________________

________________________________________________________________

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Sentimentos que Tenho de "Deitar cá para Fora"


Gostava de perceber a natureza humana. Já há muito desisti de levar a cabo tal tarefa. A sua complexidade é demasiada para permitir uma avaliação concreta. Contudo, já guardo há demasiado tempo dentro de mim alguns sentimentos que tenho agora de “deitar para fora”. 

Estes últimos dias temos sido inundados com mensagens de agradecimento aos bombeiros. O país está a arder, é normal que todos se lembrem daqueles que combatem as chamas. Porém, o papel dos bombeiros vai muito além dos incêndios. Estes representam uma ínfima parte das ocorrências a que os bombeiros têm de acorrer diariamente, durante 12 meses, 365 dias mais precisamente. 

Grande parte dos bombeiros são voluntários, cumprem serviço voluntário, fazem piquetes aos fim-de-semana e à noite, e muitas são as vezes que fora desses períodos, por vontade própria ou por solicitação, largam tudo para acudir a um serviço. Acorrem as mais diversas situações, ajudam a salvar vidas, mas também fazem as coisas mais corriqueiras, mas não menos importantes, como transportes de doentes. Eu não sou bombeira, mas sei minimamente do que falo. Não profundamente, porque lá está não sou bombeira, mas o suficiente para ter alguma “autoridade” para dizer o que digo. Os bombeiros não precisam de ajuda só agora, só nos incêndios. 

As corporações precisam de ajuda todo o ano, muitas sobrevivem com dificuldade. Os equipamentos são caros, as despesas tidas com o normal funcionamento das instituições e com a formação do seu corpo activo são elevadas e a nossa ajuda é sempre necessária. Estes bombeiros que agora todos se apressam a chamar de heróis e que dentro em breve cairão no esquecimento, para serem lembrados apenas daqui a um ano, precisam de fardamento, precisam de equipamentos apropriados para o combate ao fogo, precisam que nas suas corporações tenham os meios necessários para acudir às mais diversas situações, ambulâncias de socorro, veículos de combate aos incêndios urbanos e florestais, entre outros.

Eu agradeço sempre aos bombeiros, se puder ajudar assim o farei, sem alaridos, todos os dias, os 365 que o ano tem. Agradeço às suas famílias pelo apoio que lhes dão, por os apoiarem na sua missão, mesmo que isso signifique o receio do que lhes possa acontecer, o tempo que deixam de ter a sua companhia e que é dedicado aos outros. Agradeço por serem pessoas abnegadas, pessoas que pensam nos outros antes de pensarem em si. E para isso, termino dizendo, podemos agradecer de tantas outras formas que não esta, a pública, mas ajudando, contribuindo, na medida das nossas possibilidades, para que estes bombeiros possam fazer o seu trabalho em segurança. 

Barcelos, 10 de Agosto de 2016
Sandra Monteiro

Sem comentários:

Enviar um comentário