Investigadores universitários de Vila Real vão monitorizar os bombeiros em situações reais de incêndios, no âmbito de um projeto desenvolvido com a corporação de Tarouca que visa a adoção de comportamentos mais seguros e uma melhor eficácia no combate.
O projeto "Pela Vida de quem dá a Vida" junta investigadores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em Vila Real, e a Associação dos Bombeiros Voluntários de Tarouca e arrancou em 2015.
O objetivo é, segundo disse hoje à agência Lusa o investigador Rui Marcelino, ajudar os operacionais a adotaram comportamentos mais seguros e uma melhor eficácia no combate aos incêndios.
O Centro de Investigação em Desporto, Saúde e Desenvolvimento Humano (CIDESD) da UTAD está a monitorizar o estado de saúde, aptidão física e rendimento tático de bombeiros.
Até ao momento, o estudo foi feito em cenários simulados e durante exercícios de preparação e, neste verão, será feita a avaliação em contexto real de combate a fogos.
Rui Marcelino explicou que é feita uma monitorização individual e também uma avaliação do comportamento coletivo dos voluntários.
Aos cerca de 20 bombeiros participantes no estudo é feito o controlo da frequência cardíaca, de hidratação corporal (através de análises à urina antes e após a atividade) e são colocados dispositivos GPS em cada um para contabilizar as velocidades e as distâncias percorridas.
No fundo, segundo o investigador, pretende-se perceber qual é a carga de trabalho físico a que os voluntários estão sujeitos durante, por exemplo, manobras de ataque direto com linha de mangueira ou abertura de faixas de contenção para combate indireto.
A um dos operacionais é feita a leitura da temperatura corporal de modo contínuo, através da ingestão de cápsulas especiais que têm um sensor de temperatura, e há ainda um bombeiro que transporta um aparelho que faz a leitura, a cada 15 segundos, da temperatura corporal.
"O nosso objetivo é tentar perceber, perante situações de esforço e na presença de chamas, a temperatura corporal a que eles estão sujeitos", salientou.
O também investigador Jaime Sampaio acrescentou que "estudos credíveis" apontam para que, "durante o combate às chamas, o risco de sofrer um ataque cardíaco é entre 12 a 136 vezes superior do que em situação de não emergência".
Rui Marcelino adiantou que os primeiros dados recolhidos indicam que "alguns elementos andam perto do batimento cardíaco, a frequência máxima que podem suportar".
"Queremos que os bombeiros percebam melhor os seus limites e que adotem comportamentos ajustados", frisou.
Depois, durante a monitorização do trabalho em equipa, são colocados dispositivos GPS nos bombeiros para recolha de dados como qual é o primeiro elemento a mudar de direção durante o combate e quanto tempo é que os restantes levam a reagir.
"É um tipo de situação que estamos muito interessados em perceber, porque alguns acidentes ocorreram porque um ou dois elementos ficaram isolados do resto da equipa, expondo e aumentando imenso o risco a situações de lesão e de dano", referiu.
O estudo do comportamento coletivo dos bombeiros pode ajudar a desenvolver, em conjunto com o comando, "estratégias de otimização das equipas", continuou.
Rui Marcelino disse ainda que se pretende alargar a área geográfica do projeto, para outras corporações de outros municípios.
O projeto "Pela Vida de quem dá a Vida" ficou classificado em primeiro lugar no programa promovido pelo município de Tarouca "Cidadão Participa".
Fonte: Noticias ao Minuto
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