Opinião - Esta Liguilha Que Nos Destrata - VIDA DE BOMBEIRO

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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Opinião - Esta Liguilha Que Nos Destrata


Diz-me o jornal, que me arrancou à modorra domingueira, que a Liga dos Bombeiros Portugueses (apetecia escrever em minúsculas mas o povo que rema não tem culpa da pequenez de quem vai ao leme) pediu às corporações de bombeiros para não enviarem à ANPC informação sobre os meios disponíveis para a próxima campanha de fogos. E isto porque sobram dúvidas. A taxação dos rendimentos dos bombeiros que combatem as chamas e os impostos dos veículos que não têm macas. Uns são rendimentos de trabalho e devem ser taxados. A pequenez desta liga deveria ganhar sensatez e assim o exigir.Talvez se tivesse poupado o tempo que gastou a oferecer medalhas a presidentes de câmara, ou as horas gastas a congeminar oferenda ao melhor ministro da administração interna de sempre, já tivesse tempo de pensar nisto.
A liguilha nunca se preocupou, em bom rigor nunca, com o insulto que são os 45 euros pagos aos bombeiros e que por via de algumas associações, as tais que não são empresas mas se comportam como talainda são esmifrados por contributos para a água quente, as botas e o mais que a imaginação, delirante, de alguns dirigentes promove.Depois os veículos que transportam doentes são máquinas de receber dinheiro e devem ser taxados – basta ver certos veículos, caríssimos, quando o mercado tem ofertas melhores e mais baratas. O serviço de transporte de doentes, pela pequenez de uma liguilha que contesta as esmolas mas que delas faz apologia, deveria ter um tratamento empresarial.
Enquanto contribuinte quero que o Estado gaste com parcimónia o nosso dinheiro. Já o financiamento para o socorro, maioritariamente nas mãos dos bombeiros e ainda bem, é outra conversa. Mas deve ser resolvida de forma clara, e não com facilitismos às associações para financiar de forma encapotada e por interposta pessoa.
Mas o que me inquieta, e eu estou à vontade para falar disso porque não gosto duns nem doutros, é a politização do socorro. Os senhores das associações intrometem-se, qual patrão, numa relação operacional. As informações sobre meios disponíveis são de caracter operacional e aconselhando a não as prestar a liguilha promove a indisciplina. Parece que queremos voltar a ver bombeiros em tronco nu e de bivaque na cabeça a dar entrevistas!
A liguilha, que em meu rigor defende as associações e não os bombeiros embora tenha essa veleidade, quando os assalariados querem melhores condições de trabalho, chuta para canta e zanga-se porque aqueles mandaram primeiro o comunicado. Quando é o Estado, que somos nós todos, a liguilha empertiga-se, politizando agora um assunto que já deveria ter resolvido de há muito. Afinal se o melhor MAI de sempre não conseguiu resolver, que milagre se espera agora?
Finalizando: uma Liga que realmente defendesse os Bombeiros exigiria 120 euros por 24 horas de serviço, uns modestos cinco euros hora que deviam ser taxados e alvo de imposto. A 25%. Os operacionais ganhavam a justa retribuição e a missão dos bombeiros saía dignificada que é de um trabalho, imprescindível, que se trata.
E os veículos que não são operacionais devem, em respeito pela decência e sã concorrência, ser taxados como se de uma empresa se tratasse. Talvez o Estado assim trate as corporações porque muitas delas reclamam a utilidade pública para a benfeitoria fiscal mas na hora de prestar contas, é a esconder que eles se entretêm.
Mas gostamos de complicar, ou de fazer filhos em mulher alheia e de colocar o cidadão perante a espada e a parede. Eu, que cresci nos bombeiros e os amo – de AMAR, sei que na hora da verdade terei os meus bombeiros ao serviço. Mas ver a liguilha meter a manápula nas questões operacionais, e usá-las como cavalo de troia inquieta-me.Inquieta-me e enoja-me. Primeiro porque não vejo reciprocidade de tratamento quando o inquilino no terreiro do paço muda e depois porque não devemos penalizar os cidadãos, fazendo de nós, que também o sou, gato-sapato para atingir um objectivo mesquinho. Daí a liguilha que me parece não estar à altura da grandeza do que representa. De outra forma, rematando no DECIF, quando os operacionais sugeriram a paralisação, teria estado na primeira linha. Como era seu dever. Mas enfim os deveres da liguilha devem ser sazonais ou sofrem de humores políticos. Ou então gostam mesmo de alugar a barriga… Não sei mas que me parecem poucochinho, ai disso não tenho dúvidas.
Amadeu Araújo   I   Bombeiro Quadro de Honra – Bombeiros Voluntários de Viseu
Através de BPS-Bombeirosparasempre

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