"Não me Suicidei por Falta de Coragem" - VIDA DE BOMBEIRO

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segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

"Não me Suicidei por Falta de Coragem"

Polícia há mais de 20 anos (não quer ser identificado), conta que por várias vezes tentou pôr fim à vida com a arma de serviço. Um testemunho na primeira pessoa. A família nunca soube.

O excesso de trabalho, os cortes no salário, que o deixaram sem dinheiro para pagar o empréstimo da casa, o desemprego inesperado da mulher, os maus resultados escolares da filha, a vergonha e o cansaço psicológico levaram-no ao limite.

"Bater no fundo foi agarrar numa das minhas armas, agarrar numa caixa de compridos ou analisar o que tenho em casa para que me pudesse enforcar, para pôr fim à minha vida. Isso foi bater no fundo", conta.

Ao serviço da Polícia de Segurança Pública há mais de 20 anos, não quer ser identificado, mas alertar para o que diz ser um assunto proibido.

"Acaba por ser um certo tabu, porque quem tem problemas psicológicos fecha-se, não quer que se saiba que tem problemas. No local de trabalho é muito difícil falar com os colegas, as nossas chefias não veem com bons olhos quando temos problemas pessoais e os levamos para casa".

Conta que atingiu um ponto de rutura. "Eu revoltava-me com tudo, com todos, mas as minhas chefias em vez de se preocuparem em tentar saber porque é que eu estava a mudar o comportamento, as minhas atitudes, a ter um comportamento demasiado agressivo e revoltado fez com que tivesse alguns processos disciplinares devido a essa atitude".

Recusou sempre a baixa psiquiátrica, procurou ajuda no gabinete de psicologia da PSP, mas após duas semanas a tomar ansiolíticos conta que se sentia um zombie e decidiu parar. Decidiu que devia ocupar o tempo livre, dedicou-se a vários desportos, procurou ajuda financeira e deu um novo rumo à vida.

"Ainda hoje a minha esposa não sabe o que me passou pela cabeça e das vezes que eu cheguei a ter a arma à minha frente e pensei fazê-lo, mas não tive coragem para o fazer".

Hoje, este agente da PSP já não está no serviço operacional por turnos, a mulher tem um emprego e a filha recuperou as boas notas, após ter mudado de escola.

Fonte: TSF
Reportagem: Rute Fonseca

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