Bombeiros em Terra Queimada - VIDA DE BOMBEIRO

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sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Bombeiros em Terra Queimada


Portugal tem estrutura para ter bombeiros profissionais? A questão é colocada pelos próprios comandantes e presidentes de corporações que lamentam que o Estado use a “mão de obra barata” das corporações para um apoio social que se fosse feito por privados atiraria todas à falência. Nos quartéis, o dia a dia é gerido de forma a “fazer render o peixe”

 Se fossem privados estavam na falência

As dificuldades financeiras na corporação estão na base, segundo o presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila Nova de Paiva, da decisão de ter usado verbas que deveriam ter sido devolvidas à Autoridade Nacional de Proteção Civil e que levaram a que ele, juntamente com mais dois antigos comandantes, estejam em Tribunal a responder por uso indevido de verbas.

A situação em que se encontram hoje os arguidos leva a que muitos colegas questionem se o que deveria estar a ser julgado e analisado não seria o porquê das corporações de bombeiros terem dificuldades financeiras e de o Estado não lhes dar mais dinheiro. “Não sei o que faria se estivesse numa situação destas. Parava o socorro ou deitava mão do que me ajudava a ultrapassar as dificuldades?” questionam, na maioria, comandantes e presidentes de associações que são também unânimes em lamentar que o nome “de gente honesta” acabe por ser denegrido “por defenderem a sua Associação”.

Incentivos e mão de obra barata

Quem no dia a dia tem de gerir meios financeiros, equipamentos e meios humanos sabe que “é preciso fazer render o peixe” e “gerir tudo com muita imaginação e força de vontade”, como salienta Ernesto Fonseca. O comandante dos Bombeiros Voluntários de Tabuaço aponta a lei de financiamento às corporações como o principal constrangimento e que deve ser melhorada, mas alerta que hoje em dia o maior problema começa a ser a dificuldade em “segurar os bombeiros”. “Com alguns incentivos à fixação, nomeadamente redução de impostos, minimizava-se o problema”, sugere.

Nas corporações, as dificuldades colocam-se a vários níveis, mas a financeira para a gestão diária é a mais “complicada”. Desde o atraso no pagamento por parte das entidades do Estado de serviços prestados como, por exemplo, o transporte de doentes, aos escassos subsídios e aos processos burocráticos e demorados no acesso aos fundos comunitários, “é cada vez mais difícil um equilíbrio financeiro sustentável”. É que, recorda Carlos Costa, presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Viseu, “se o serviço que é prestado pelos bombeiros, fosse feito por uma empresa privada, nenhuma corporação seria viável”.

“São cada vez mais necessários equipamentos, veículos, dar formação aos homens e tudo isto custa muitos euros no final do mês”, lamenta também José Requeijo, comandante em Moimenta da Beira, para quem falta “sensibilidade” a quem gere de dotar os bombeiros de “apoio necessário para as atividades que desenvolvemos”. “Não fossem as parcerias que vamos fazendo, nomeadamente com as autarquias, e a boa vontade do cidadão, era impossível”, ressalva.

“Nós acabamos por nos substituir ao Estado como uma mão de obra barata. Se tivesse [o Estado] de pagar todo o trabalho que é feito por nós, queria ver como se safavam”, questiona.

“Gere-se o dia a dia o melhor que se pode e se sabe. É preciso ter “estômago” e preparação, mas os bombeiros são assim. Estamos a prestar um serviço social e a cumprir uma missão que, a custo muito baixo, não deixa o cidadão sem socorro”, conclui Carlos Costa.

Fonte: Jornal do Centro

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