A Câmara de Vila Real implementa em 2016 o programa +Bombeiros que vai atribuir apoios sociais, como redução nas tarifas da água ou transportes públicos, e visa atrair mais voluntários às corporações do concelho.
"O objetivo é parar com a sangria de voluntários que tem havido. A vida está difícil e muitos têm emigrado. Cada vez mais difícil é o voluntariado e esta é uma forma de os estimular. Sabemos que nada paga o seu altruísmo, vontade e dedicação, mas sabemos que podemos ajudar", afirmou hoje à agência Lusa o presidente do município, o socialista Rui Santos.
As duas corporações de bombeiros do concelho, Cruz Branca e Cruz Verde, dispõem de 210 elementos no quadro efetivo e ambas se queixam de dificuldades de recrutamento e da saída de voluntários já formados, alguns dos quais emigraram ou tiveram que procurar um 'part-time' para complementar o rendimento.
O programa do município, que entrará em vigor em 2016, visa a "mobilização para a causa do voluntariado" e "inverter a tendência a que se tem assistido de redução do número de voluntários".
O +Bombeiros garantirá um conjunto de apoios sociais aos cidadãos que já são voluntários ou àqueles que venham a voluntariar-se, como a redução das tarifas da água, apoios à mobilidade nos transportes públicos urbanos, reduções de taxas municipais, e benefícios na área da educação, como bolsas de estudo e apoios em material escolar.
Os bombeiros terão ainda acesso aos equipamentos desportivos e culturais com descontos significativos.
A autarquia disse que quer "reconhecer o papel destes homens e mulheres, valorizar o seu contributo social e procurar incentivar a permanência na atividade".
O comandante dos bombeiros da Cruz Branca, Orlando Matos, afirmou que o programa "é uma mais-valia na luta diária que as corporações travam contra o abandono da atividade".
O responsável referiu que a escola de formação, que todos os anos é realizada, arranca com uma "média de 15 a 18 elementos", dos quais, por norma, apenas "cerca de cinco acabam por ficar na corporação".
Orlando Matos fala nas "regras exigentes deste voluntariado, quase como se fosse uma profissão quando de facto não o é" e das exigências também cada vez maiores da sociedade para com estes voluntários.
Desde 2011, a Cruz Branca começou a perder elementos que tiveram que emigrar e agora a grande dificuldade é os homens e mulheres conseguirem cumprir as horas mínimas de serviço que lhes são exigidas, quando, em alguns casos, até precisam de arranjar 'part-time' para complementarem o rendimento.
"Nos últimos anos conseguimos novas instalações e equipamentos e agora o nosso grande desafio é a mão-de-obra voluntária", salientou.
Para Miguel Fonseca, comandante da Cruz Verde, o +Bombeiros é uma "excelente medida" que acredita que vai ajudar as corporações a atenuaram as dificuldades de recrutamento bem como a incentivar à permanência dos bombeiros.
"É mais uma ajuda que o município nos dá", frisou.
Anualmente a Cruz Verde organiza uma escola de recrutas e faz campanhas nas escolas profissionais e secundárias e, com o apoio das juntas de freguesia do concelho, junto das pessoas que já estão instaladas e com emprego e que dão mais garantias de permanência.
É que muitos jovens acabam por sair quando entram para a universidade ou têm que procurar emprego em outras zonas do país ou em outros países.
O projeto +Bombeiros está previsto no orçamento para 2016 da Câmara de Vila Real, que dispõe de 26,5 milhões de euros menos cinco milhões do que o orçamento de 2015.
Fonte: Noticias ao Minuto
Foto: BPS
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