Brincavam aos polícias e ladrões. Encontraram armas numa garagem e correram para casa, em Merelim, S. Paio, Braga. Já no quarto, Rúben deu o revólver ao amigo. "Vê como é pesado", disse o menino de 9 anos que foi baleado na cabeça, pelo colega de 11. Está em estado muito grave.
Ontem à noite, poucas horas depois do acidente, o dono das armas, tio da vítima, era detido pela PJ de Braga. O revólver não está legalizado. O facto de as pistolas estarem acessíveis às crianças agrava a culpa. Estava também ele em choque e mostrava-se visivelmente emocionado. Era muito amigo dos meninos.
"Não tive culpa de nada. Estávamos a brincar, não fiz de propósito", contou em choque a criança ao avô, após ter baleado Rúben.
"Contou-me que era o Rúben que andava com a arma e depois deu-a para a mão do meu neto. Pegou nela e só se lembra que logo depois viu lume. Com o disparo, disse-me que até bateu com a cabeça na parede", continuou o avô da criança.
Rúben estava ao fecho desta edição a lutar pela vida. O seu estado era crítico. Depois de dar entrada no hospital de Braga, pelas 17h30, o menino foi transferido, pelas 19h40, para o serviço de Neurocirurgia Pediátrica do Hospital de S. João, no Porto. Tem a bala alojada na cabeça. O tio da criança vai ser ouvido hoje de manhã no Tribunal Judicial de Braga, em primeiro interrogatório judicial. Está indiciado pelo crime de posse de arma proibida.
"Ele estava nos braços da tia e não reagia"
Por telefone, a mãe do pequeno Rúben foi avisada de que algo terrível tinha acontecido. Faltavam poucos minutos para as 17h00 de ontem. "Mal chegámos, o menino estava nos braços da tia, sem sentidos, com um buraco da bala na testa. Não reagia", contou ao CM Natália Prima, uma das primeiras pessoas a chegar ao quarto onde aconteceu o disparo. "O menino que deu o tiro estava em choque, correu cá para fora, estava muito assustado. Foi para casa da vizinha", relatou Natália, também chocada com o cenário que viu. "Não tinha sangue e quando foi levado pelos médicos, ia com os olhos abertos", explicou a testemunha. Os médicos do INEM deram apoio à crianças e família.
"O menino encontra-se em estado crítico"
"Depois da avaliação realizada pela Neurocirurgia do hospital de Braga, concluiu-se que o mais correto era não proceder a qualquer intervenção cirúrgica e avançar com a transferência para o Hospital de S. João", disse ontem Soraia Oliveira, chefe da equipa de Urgência do hospital de Braga. A clínica disse que "o menino se encontra em estado muito crítico" e confirmou ao CM que o facto de o projétil se encontrar alojado na cabeça da criança foi decisivo para a opção de não realizar, no hospital de Braga, qualquer operação.
Fonte: CM
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