A história do bombeiro que se tornou herói da seleção do Taiti no último Mundial de Beach Soccer.
Na costa ocidental do Taiti, a 23 quilómetros da capital Papeete, ergue-se a pequena vila de Paea. É terra de agricultores e pescadores artesanais, e um paraíso para os amantes do kitesurf. É, também, a terra de Jo Keeper, o mais famoso dos 12.540 habitantes locais, que estará em Espinho a disputar o Mundial de Beach Soccer da FIFA 2015, entre 9 e 19 de julho.
“O nome Jo vem de Jonathan, e Keeper do facto de ser guarda-redes. O apelido de família é Torohia. Na minha vila, acho que sou mais conhecido como bombeiro do que como jogador de futebol de praia”. Foi assim que o guarda-redes da seleção do Tahiti se apresentou ao fpf.pt, no final de um treino da sua equipa na Praia da Baía.
O objetivo do conjunto taitiano é fazer tanto ou melhor que no último Mundial [4.º lugar]. Palavra de quem brilhou nessa prova como poucos, de tal modo que despertou o interesse do Barcelona. “As coisas correram-me bem no Mundial de 2013. Fiz grandes defesas e as pessoas começaram a olhar para mim com outros olhos”, recorda Jo.
Agora, o guardião só pensa nos encontros do Taiti com a Rússia e o Paraguai, na fase de grupos do Mundial-2015: “Porque vai ser difícil. Pode ser um desastre”. O que lhe vale é a certeza de que os ‘ Tiki Toa’ são “capazes do impossível”. “Quando pisamos a areia, sentimo-nos imparáveis. É claro que acredito que vamos travar o poder de fogo dos russos e passar à fase seguinte”.
Apesar de esmagado pelo cansaço de vários treinos nas últimas semanas em Espinho, Jo esboça um sorriso para falar da sua vida: “Sempre sonhei ser bombeiro e futebolista. Concretizei os sonhos”.
O primeiro pedido que fez na chegada à cidade do Mundial foi para visitar o quartel dos bombeiros locais. Fez o mesmo numa deslocação ao Porto. “Queria ver se os carros eram maiores, saber como trabalhavam. Em Portugal têm mais problemas para resolver”.
Em Paea, explica, é normal chamarem-no “quando a chave fica dentro de casa ou se há um gato em fuga.” “Os incêndios são raros lá”, conta.
Mescla inesperada de profissões
Na seleção do Taiti, nenhum jogador vive exclusivamente do futebol de praia. Nem o capitão Naea Bennett, filho de uma antiga lenda da Seleção do Taiti dos anos 70, e com percurso sólido construído no futebol de 11.
Há quem tem trabalhe numa gasolineira, há agricultores e professores de educação física. Há, ainda, quem tenha cultivado pérolas. Naea, por exemplo, é armador num navio de transporte de carga alimentar e chegou a ser missionário cristão na Nova Caledónia, durante dois anos.
“Por isso o nosso trabalho tem tanto valor. Damos tudo o que temos, mesmo sem as condições das equipas com vários atletas profissionais”, frisou Jo Keeper.
O Taiti estreia-se no Campeonato do Mundo diante da seleção do Madagascar, a 10 de julho, às 16h00. Dois dias depois, à mesma hora, defrontará o Paraguai e encontrará a campeã do Mundo, Rússia, no dia 14, às 14h30.
Fonte: FPF