Nas comemorações do Dia do Bombeiro Português, que decorreram no último domingo em Bragança, a Ministra da Administração Interna, Anabela Rodrigues, anunciou um reforço de 3 milhões de euros para os corpos de bombeiros do país ao abrigo danova lei das associações, cuja discussão estava prevista para esta semana no Parlamento.
Para Vizela significará apenas um aumento de 3% e garante João Ilídio Costa, presidente da Direção da Real Associação Humanitária deBombeiros Voluntários de Vizela (RAHBVV), que se a gestão das associações humanitárias estivessem dependentes de medidas como a que agora foi anunciada há muito que tinham fechado portas.
João Ilídio Costa olha para o anúncio de Anabela Rodrigues como natural no seio da classe política, entendendo tratar-se de uma ação de “campanha antecipada”. Reconhece a importância da discussão da referida proposta de lei na Assembleia da República, mas lamenta que esta não venha “resolver, nem de longe nem de perto, o problema das associações de bombeiros”.
Entende o presidente da RAHBBV que é necessário ir mais além do que foi a Ministra da Administração Interna e dizer que o reforço de 3 milhões significará apenas um aumento de 10%, em relação às verbas atribuídas em 2014 aos bombeiros de Portugal.
Garante ainda que o aumento nesta percentagem não é transversal a todas as associações, cujo reforço poderá variar entre os 3 e os 25%. No caso da RAHBVV, o aumento será de apenas 3%, ou seja, receberá mensalmente mais 125 euros e que serão somados aos 4200 euros que já encaixa atualmente. “É uma ridicularia em relação àquilo que os corpos de bombeiros têm de comportar.
Em Vizela temos despesas anuais só com o pessoal na ordem dos 255 mil euros e com o gasóleo de cerca de 60 mil euros”, salienta João Ilídio Costa.
O aumento para a RAHBVV será de apenas 3% face aos pressupostos que constam desta proposta de lei e que estão diretamente relacionados com o orçamento da associação, a população e a área abrangida, o índice de risco, o número de ocorrências verificadas em 2014 e o número de bombeiros elegíveis.
“Há alguns dias, nas Taipas, o Secretário de Estado da Administração Interna, o Dr. João Almeida, veio dizer que os bombeiros voluntários deixarão de ter de andar a pedir pelas portas por terem na sua associação a situação minimamente controlada. Mas agora eu pergunto como é que com 125 euros por mês a mais vamos conseguir aguentar esta situação”, pergunta o presidente da RAHBVV. E acrescenta: “Infelizmente, continua-se a brincar com coisas sérias”.
Em declarações à Rádio Vizela, o presidente da RAHBVV aproveita para lembrar um estudo que foi entregue a Miguel Macedo, na altura Ministro da Administração da Interna, no qual estava projetado o custo associado à sustentabilidade de uma associação de bombeiros - um número que foi multiplicado pelo número de corporações que existem em Portugal e apresentado ao referido Ministério.
“Nessa altura, ficou provado o quanto poupa o Governo com a existência das associações de bombeiros voluntários. Desta feita, era bom que não embandeirassem em arco medidas como a que estamos a falar, como se a mesma viesse resolver o problema dos bombeiros. Se as associações estivessem dependentes desta medida, no dia seguinte teriam de fechar as portas.
Fonte: Radio Vizela
