A tradição já não é o que era.
Desde sempre que o Dia Nacional do Bombeiro, agora Dia do Bombeiro Português, foi comemorado no último fim de semana de Maio, desta vez, não sei que raio lhe deu e o que lhe aconteceu, antecipou-se uma semana, em Bragança.
O Dia do Bombeiro Português é dia de reconhecimentos oficiais e públicos, de mensagens elogiosas e laudatórias, de palanques e microfones, de comunicação social.
Dia de justas homenagens, reconhecimentos e gratidões. E distinções.
Dia também de discursos eloquentes e expressivos, de verbo exaltado e emocionado.
É tudo boa gente, e não há nada a apontar, o País está reconhecido, sem os Bombeiros tudo era diferente. em dia de festa convém que seja assim, que não se borre a pintura, está nos manuais.
Tudo corre sobre rodas, no meio da oratória, lá vem uma palavra mais azeda, mas logo se abafa no meio dos aplausos, que nada pode perturbar o bom relacionamento institucional.
Todavia, as dificuldades e os constrangimentos justificam, e exigem, mais, bastante mais.
É importante falar da matriz e dos valores, mas não chega, é redutor.
É importante falar para fora, mas não basta, também é redutor.
É tempo de pôr de lado o discurso lamechas, do coitadinho conformado, que se contenta com migalhas e seguir exigente e ousado.
Impõe-se um discurso estratégico que destaque o desígnio, aponte o caminho, defina o rumo, fale da missão e explicite a visão.
Um discurso sólido de exigência de recuperação da identidade e da consequente afirmação dos Bombeiros, no contexto do Sistema Nacional de Protecção e Socorro, enquanto seu pilar e alicerce.
Um discurso de insatisfação e de expressão viva de que as coisas não vão bem e não estão bem, por muito que as vozes oficiais e o discurso do politicamente correcto queiram fazer crer o contrário.
Um discurso de confiança na força dos Bombeiros, seguramente ampliada pela certeza das convicções e pela justeza dos objectivos, antecipadamente traçados e sobejamente conhecidos.
Um discurso a exigir dos poderes públicos mais atenção e prontidão, mais coerência entre o discurso dito e a prática feita.
Os Bombeiros, com saber e competência, executam uma obra humanitária, solidária e grandiosa, e protagonizam superiores e nobres missões.
Os Bombeiros levam a cabo, um serviço qualificado e um desempenho seguro, com prontidão na resposta e profissionalismo em cada gesto técnico de socorro.
Os Bombeiros são os intérpretes mais genuínos dos altos valores da fraternidade e solidariedade e protagonizam a raça, o brio a valentia de muitas gerações de portugueses.
Pelas suas imensas e enormes virtudes e pelos defeitos e falhas que também têm, Honra e Glória ao Bombeiro Português!
Sempre!
Rebelo Marinho in O Zingarelho