Bombeiros algarvios passam a recolher material elétrico para reciclar e lucram com isso - VIDA DE BOMBEIRO

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segunda-feira, 4 de maio de 2015

Bombeiros algarvios passam a recolher material elétrico para reciclar e lucram com isso

Ajudar as corporações de Bombeiros algarvias a financiar-se e ajudar o meio ambiente vão passar a ser sinónimos e passíveis de conseguir com um único gesto: o de depositar o material elétrico e eletrónico (eletrodomésticos, lâmpadas, pilhas, computadores, etc.) que já não precisamos em pontos de recolha a instalar nos quartéis dos Soldados da Paz algarvios.

Corporações de bombeiros da região assinaram, esta segunda-feira, protocolos de colaboração com a AMB3E, uma instituição sem fins lucrativos e de capitais públicos que garante a valorização deste tipo de resíduos, no âmbito do projeto «Missão Eletrão». Além das 17 corporações algarvias, o acordo engloba os 16 municípios do Algarve e a empresa de gestão e resíduos regional Algar.

Até dia 18 de Maio, a Algar vai instalar pontos de recolha de grandes eletrodomésticos e os chamados pontos eletrão nos quartéis de bombeiros algarvios. A partir daí (ou até antes, conforme o caso), qualquer pessoa pode depositar nesses locais o material para o qual não tenha uso. Por cada tonelada recolhida, a corporação recebe 75 euros. Quem entrega não paga qualquer valor.

Um bom negócio para os que se dedicam à nobre missão de salvar os bens comuns e particulares do fogo e de outros perigos, mas também para o ambiente e, em última análise, para Portugal. Isto porque há metas europeias a cumprir e esta é mais uma forma de aumentar os níveis de recolha.

Como explicou Elsa Agante, que, com Pedro Delgado, representou a AMB3E na assinatura dos protocolos, Portugal está, atualmente, a cumprir as metas da União Europeia, que obrigam a recolher quatro quilos de resíduos elétricos e eletrónicos por habitante.

Mas as regras vão mudar em breve e as metas que serão impostas a Portugal passarão para «mais do dobro». E como não cumprir custa dinheiro a todos os contribuintes, depositar nos pontos de recolha oficiais é, igualmente, poupar o erário público.

A realidade, a nível regional, não andará longe daquilo que se passa a nível nacional. Segundo o administrador delegado da empresa responsável pela gestão dos resíduos urbanos no Algarve Macário Correia, apenas cerca de 50 por cento do material que é rejeitado pela população aparece nos circuitos de recolha.

Isto apesar de, «pelo Algarve inteiro, por todo o lado, se poder encontrar material deste tipo», em lixeiras improvadas ou junto dos contentores de lixo. Além disso, muitas vezes já foi retirado o material valioso que contém, o que significa, na maior parte dos casos, a libertação de materiais nocivos para o ambiente.

Com este e com outros projetos que a Algar pretende lançar, Macário Correia acredita que a recolha no Algarve vai aumentar, «aproximando-se, tendencialmente, dos 100 por cento».

O papel da Algar, nos protocolos hoje assinados, é o trabalho logístico de recolha do material entregue nos quartéis, fazer a triagem e reencaminhá-los para os locais devidos, sendo, para isso, paga pela AMB3E. Em alguns casos, a valorização é feita noutros pontos do país, mas, segundo Elsa Agante, «parte dos resíduos recuperados serão tratados cá no Algarve, o que significa emprego e mais valias para a região».

Tudo isto é pago com a taxa Ecovalor, que cada consumidor paga quando compra um equipamento elétrico e eletrónico novo, e que o Estado canaliza para entidades como a AMB3E.

Já Paulo Morgado,  presidente da Federação de Bombeiros do Algarve, salientou a «adesão em massa» das corporações algarvias, que permitiu reforçar a rede existente e cobrir quase todo o território, «evitando que o Algarve seja uma espécie de buraco negro ou Marrocos de Cima, onde não havia a recolha deste tipo de resíduos» numa boa parte da região.

Agora, frisou, é preciso dar a conhecer a existência do projeto à população, para que as pessoas contribuam. Até porque, como confessou a representante da AMB3E, há uma grande diferença nos valores da recolha, quando há uma divulgação estruturada da «Missão Eletrão».

«Nós fizemos a campanha Quartel Eletrão, em 2011, onde, em apenas três meses, recolhemos 1800 toneladas de resíduos. Contamos fazer nova campanha em breve e o Algarve, naturalmente, será incluído», revelou Elsa Agante.

Recolher mais material elétrico e eletrónico será bom para Portugal, por diversos motivos, nos quais se contam o económico. Os portugueses consomem, por ano, cerca de cem mil toneladas de aparelhos e material elétrico e eletrónico, o que, com as novas regras que a UE se prepara para impor, deverá colocar a fasquia de material a recolher e a valorizar acima das 80 mil toneladas/ano, ou seja, mais de 8 quilos por habitante.

Para a população em geral, as “contas” a fazer serão outras, na altura em que tiverem de se livrar daquele frigorífico ou da televisão que já não usam ou se estragou. Uma opção é entregar este material no quartel dos bombeiros mais próximo, ajudando-o, eventualmente, a financiar-se.

Outra é escolher um dos outros pontos existentes no Algarve, em infraestruturas da Algar e em centros comerciais, para reciclar.

Uma terceira é deitar fora o material num local indiferenciado, onde o mais provável é acabar por se tornar um risco para o ambiente e um custo muito mais elevado para o Estado.

Segundo os representantes da AMB3E, os 17 postos de recolha que serão, agora, criados, aumentarão para 42 os postos de recolha no Algarve. Estes fazem parte de uma rede, a nível nacional, de 700 postos de recolha, onde foram recuperadas, em nove anos, «cerca de 288 mil toneladas», ou seja, uma média de 32 toneladas/ano.

Fonte: Sul Informação