“Tolerância zero para o uso de fogo”. Foi com esta frase que o segundo Comandante Nacional de Operações de Socorro (CNOP), Joaquim Almeida Moura, resumiu um dos princípios que considera fundamental para diminuir o flagelo dos incêndios em Portugal, país onde o número de ignições continua a ser muito superior ao desejável e ao que se passa noutros países.
Em Almeirim, na apresentação do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais (DECIF) do distrito de Santarém, e perante uma plateia que incluía a maioria dos comandantes das corporações de bombeiros da região, autarcas e agentes da autoridade, Joaquim Moura referiu que “o dispositivo [de combate a incêndios] é o que há e está preparado para 250 a 350 ignições diárias”.
A partir deste número de ocorrências num só dia, a situação complica-se bastante e o dispositivo pode deixar de responder como seria desejável, reconhece o segundo CNOP, elogiando o trabalho extraordinário da GNR na sensibilização das populações, mas admitindo que a repressão terá de ser cada vez maior. “Já há coimas e estão a ser processados cerca de 200 autos”, revelou.
Apesar de ser fundamental planear e de 2014 ter sido o ano com menor área ardida dos últimos 35 anos, Joaquim Moura diz que é quase impossível que esses números se repitam em 2015. “Até hoje, 29 de abril, já temos o dobro da área ardida” revelou, explicando que, apesar de ainda faltarem cerca de dois meses para o Verão, “já houve dois dias com mais de 200 ignições”.
“Esqueçam 2014. É difícil ter um ano melhor”, reforçou Joaquim Almeida Moura, exortando os presentes a “preparar 2015 como se fosse o pior ano de todos” e recordando os oito bombeiros mortos em 2013.
Quanto às verbas que irão ser gastas este ano com o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais, o segundo CNOP afirmou que “não mudam em nada” relativamente ao ano anterior.
Fonte: Rede Regional