Opinião: "A Segurança no TO" - VIDA DE BOMBEIRO

______________________________________________________________________

________________________________________________________________

________________________________________________________________

________________________________________________________________

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Opinião: "A Segurança no TO"


Falar no operacional é inevitável, é por aí que avançam as estatísticas, é aí que se ceifam  vidas e se amputam famílias.

A um mês do início da Fase Bravo e já com alguns acidentes em serviço a registar, importa insistir, sensibilizando e apelando à segurança dos bombeiros, nos teatros de operações (TO).
Não vou cantar aquela ladainha de que este ano é que vão ser elas, todos os anos ouço isso, além do mais não sou adivinho, o tempo está escorregadio e estremunhado, a zombar do quente, sabe-se lá como vai estar mais junto ao verão.

Com mais ou menos potencial de risco, com mais ou menos milhões investidos no combate, que não é todo para bombeiros, a maior parte dele vai para a indústria dos meios aéreos, que come a fatia grossa do leão gordo, com mais ou menos área ardida, o que importa mesmo é a segurança dos bombeiros.

Não há árvore que valha a vida de um bombeiro nem governante que a mereça.

Tem-se evoluído neste domínio, são os conteúdos da formação, são os rádios, são os EPIs, alguns de 2ª categoria, também o Guia de Bolso distribuído pela ANPC.
Mas tudo isto são só contributos para uma maior segurança, não vão evitar os acidentes, apenas podem minimizar os seus efeitos.

Não dispensam que o bombeiro tenha uma consciência apurada do risco, faça uma avaliação individual de cada situação, tenha um cuidado especial com o seu desempenho e não arrisque um gesto que pode ser fatal.

Não arrisque, mesmo que as estatísticas pressionem, as televisões façam directos, as rádios peçam entrevistas, os jornais queiram declarações e os políticos pululem ululantes.
E tenha a coragem de dizer não, de não dar o corpo às chamas se lhe parecer arriscado, mesmo que os populares critiquem e injuriem, de recuar se lhe parecer ser o melhor, mesmo que tenha recebido ordens nesse sentido, mesmo que quem as deu não conheça o terreno, mesmo que quem as deu venha de longe, de muito longe, mesmo que quem as deu não domine nem a geografia nem a orografia do local.

E tenha sempre a noção de que a segurança é uma linha vermelha que não deve pisar e que há limites para o sacrifício da sua vida.
E tenha a firmeza de rejeitar as responsabilidades que não lhe cabem e a afoiteza de recusar as culpas que não são suas.
E tenha a ousadia de reclamar que as estatísticas de sucesso são apenas aquelas que registam baixas zero no efectivo, porque as outras são números, gráficos e percentagens, às vezes, marteladas pela conveniência.

Sabendo que, haja o que houver, como as árvores, os bombeiros morrem de pé!

Publicada por Zingarelho Rm