Nos últimos tempos, das impressões que vamos trocando com dirigentes e bombeiros, fica-nos a certeza que, em muitas zonas o nosso País, falta voluntariado, afinal a matéria-prima indispensável para alicerçar o setor. Mesmo nas associações mais profissionalizadas este é elemento preponderante, que confere alma, carisma, caracter e significado a estas instituições que na verdade nasceram da espontaneidade do povo, do desejo de gente abnegada em servir o próximo.
O mundo mudou e o altruísmo acabou por, de certa forma, acompanhar essa mutação. Os voluntários de hoje, ao contrário dos seus antepassados, não estão tão talhados para o sacrifício, conseguem separar as águas, são na verdade mais pragmáticos, com que cumprindo a máxima “quem dá o que tem a mais não é obrigado”.
Na verdade não haverá uma crise de vocações, mas sim falta de disponibilidade para assumir uma missão muito exigente.
Por outro lado, importa ressalvar, que compromissos profissionais, as responsabilidades familiares ou a necessidade de procurar no estrangeiro o sustento que Portugal deixou de assegurar, são algumas das justificações para o crescente número de “indisponíveis” que engrossam fileiras nos quadros de reversa de muitos corpos de bombeiros de norte a sul de Portugal.
Quem por opção ou condição continua “preso” à causa, garante que a falta de incentivos e pouco reconhecimento da carreira de bombeiro voluntário são os grandes responsáveis pelas perturbações no setor.
Todos os que recusam ceder às adversidades, e se mantém fiéis ao lema “Vida por Vida” acreditam que o futuro destas associações não está em causa, até porque haverá sempre quem recuse declarar indisponibilidade ao socorro, como muitos dos que foram forçados a despir a farda, logo que a vida lhes permita, voltam a honra-la nos mais complexos teatros de operações.
Os bombeiros já enfrentaram e superaram tantas adversidades… resta-lhes, pois, acreditar que vingará a lei da resiliência.
Sofia Ribeiro