Criança Conhece Bombeiros que a Salvaram há Oito Anos - VIDA DE BOMBEIRO

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quinta-feira, 16 de abril de 2015

Criança Conhece Bombeiros que a Salvaram há Oito Anos


5 de Abril de 2007. 7h18. Os Bombeiros Voluntários de Penafiel recebem uma chamada do Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) a dar conta de uma situação de emergência em Croca.
As primeiras informações revelam que uma mulher está em trabalho de parto há quase uma hora e logo são accionados todos os meios disponíveis, incluindo um helicóptero do INEM que estava estacionado no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos.

Na primeira de várias ambulâncias saem Fernando Campos e José Lopes, bombeiros com muitos anos de experiência, mas pouco preparados para o cenário que os esperava. "Quando chegámos, encontrei a mãe em pânico. Não deixava ninguém mexer-lhe e só queria ir para o hospital", recorda Fernando Campos. Porém, já não havia condições para transportar a parturiente para o Padre Américo. O parto tinha de ser feito ali. "Não havia nenhuma hipótese de chegar ao hospital e a Viatura Médica de Emergência e Reanimação estava inoperacional por falta de médico", realça o actual 2º comandante da corporação penafidelense. Assim, não restou outra alternativa aos bombeiros que não a de se transformarem, momentaneamente, em parteiros. Uma função que já haviam exercido, mas em circunstâncias menos dramáticas. "Os dois já tínhamos ajudado em quatro partos. Mas nunca tínhamos feito um de início ao fim", refere José Lopes.

Bebé dentro da bolha de água e com o cordão umbilical enrolado no pescoço

Maria Fátima Campos tinha 33 anos e estava grávida do segundo filho. A gravidez corria "sem problemas" e com sete meses de gestação nada fazia prever um parto antecipado. Por isso, Maria decidiu, naquele dia, fazer a pequena viagem entre São Martinho de Recesinhos, onde morava, até Croca, terra de uma prima. "Estava na casa dela quando me deu uma dor", lembra. Pouco depois, a intensidade do sofrimento foi aumentando até ao ponto em que a única solução foi pedir ajuda pelo 112.

Para além de ter acontecido dois meses antes do tempo previsto, o parto teve outros problemas que dificultaram o trabalho dos bombeiros. "O primeiro foi o facto de o bebé nascer dentro da bolha de água. A mãe queixava-se de dores e tive de rebentar a bolha", descreve Fernando Campos. José Lopes estava ao telefone com a médica do CODU quando a segundo contrariedade foi descoberta: o cordão umbilical estava à volta do pescoço e do braço direito da bebé. "Tive que amparar a criança e, com as próprias mãos, desenrolar o cordão. Foi a altura mais complicada", frisa Fernando Campos.

Durante 30 minutos, os dois bombeiros de Penafiel viveram momentos de tensão e ainda tiveram de "desobstruir as vias aéreas" da bebé para que esta começasse a respirar normalmente. "Quando já estou com a menina ao colo entrou no quarto a equipa do INEM que veio no helicóptero que aterrou no campo de futebol", declara o 2º comandante.

Mãe agradece ajuda dos bombeiros

8 de Abril de 2015. 10h00. Joana Raquel Pereira entra pela primeira vez no quartel dos Bombeiros de Penafiel. Acompanhada pelos pais e irmão, vem à procura dos homens que, oito anos antes, permitiram que sobrevivesse a um parto tão inesperado, como complexo. Três meses depois de nascer, Joana emigrou com a família para a Suíça e ficou sem oportunidade para conhecer os bombeiros de Penafiel. "No último Natal estivemos em Portugal e viemos ao quartel para ver os bombeiros, mas eles não estavam", garante a mãe.

As férias da Páscoa permitiram uma nova oportunidade. E, desta vez, o reencontro foi possível. "Fiquei contente por ver a menina. Vieram-me à memória os momentos difíceis que passámos naquele dia. Mas também os bons", assegura Fernando Campos enquanto revela nova 'estória' daquele dia marcante: "o médico queria levar a menina de helicóptero para o hospital. Mas eu fiz questão de transportá-la na ambulância". José Lopes também se emocionou: "Só quem faz uma coisa destas é que sabe o que se sente. Não dá para imaginar", frisa.

O reencontro foi, ainda, uma ocasião para Maria Fátima Campos agradecer o trabalho dos bombeiros. "Assustei-me quando me disseram que teria de ter a minha filha ali. Mas os bombeiros foram cinco estrelas e ajudaram-me a relaxar", elogia.

Maria abandonou o hospital três dias após o parto. A filha prolongou a estadia até atingir o peso mínimo. "Esteve 15 dias na incubadora", refere a mãe. Hoje, Joana é uma criança saudável, que frequenta o 2º ano de escolaridade e que é feliz.

Fernando Campos e José Lopes também continuam como bombeiros na corporação de Penafiel. O primeiro celebrou 25 anos de serviço. O segundo, que agora ostenta a patente de chefe, 24. Mas, curiosamente, nunca mais fizeram um parto depois do nascimento de Joana.

 Fonte: Verdadeiro Olhar