"Profissão de Risco" - VIDA DE BOMBEIRO

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segunda-feira, 16 de março de 2015

"Profissão de Risco"

Os novos tempos trazem problemas novos, mas não se livram de problemas antigos.
Os problemas antigos dos novos tempos são precisamente aqueles que os homens não foram capazes de resolver, a tempo, com tempo e no seu tempo.

A questão dos profissionais das AHBs não é propriamente uma questão nova, tem até alguns anos, mas subsistem dúvidas e interrogações, até inquietações, agora, ao que parece, também contundentes e cáusticas afirmações.

Há, por isso, que inovar na estratégia, arriscar nos objectivos, ousar nos métodos e romper com modelos, que já tiveram tempo de sobra para mostrarem o seu valor, que, pelos vistos, é pouco.
Obrigação das lideranças, das brandas e das bambas, é ver mais longe, ver o que outros não vêem e ver antes do tempo.

A presença de profissionais nas AHBs não é uma questão de retórica, é uma realidade bem evidente, hoje, uma verdadeira âncora da prestação dos serviços de socorro, e para os quais têm que ser encontradas respostas.
O voluntariado puro e duro, como o entendíamos, há anos atrás, é uma miragem e uma ilusão e a sociedade de hoje, exigente e intransigente, conta com os profissionais das AHBs, como 1ª linha de resposta às necessidades de socorro.
Sem esquecer, nem desvalorizar, o voluntariado como resposta insubstituível, de rectaguarda, complementar e de reforço.

A consagração de um regime especial de aposentação, com a antecipação da idade de reforma para os 55 anos, é central para estes profissionais, para a dignidade do seu trabalho e para a garantia da qualidade do socorro.

Aceitarmos que para os profissionais das AHBs vigore o regime geral da aposentação é impensável, não é uma visão dos tempos de hoje e é andar para trás.
Aceitar de mão beijada a idade dos 66 anos para a reforma, não lembra ao diabo, e acreditar que o problema da eventual, mas certa, incapacidade funcional dos profissionais, em razão da idade, se resolve com o seu encaminhamento para outras actividades, com a benevolência das direcções e dos comandantes, que os colocarão noutras funções, mais leves e menos severas, é uma atitude irrealista e insensata porque não resolve o problema, e até o agrava.
É tapar o sol com a peneira, varrer o lixo para debaixo do tapete e insistir em não ver a realidade.

Os tempos são o que são, não há volta a dar, e são os tempos os juízes mais autênticos!

Os profissionais das AHBs não têm que mendigar benevolência das direcções nem esmolar indulgência dos comandos para poderem contornar as suas dificuldades em lidar com o “stress” e em enfrentar o risco e para lhes fazerem o especial favor de os deixarem ficar num “cantinho”, sem estorvarem e a arrastarem-se no tempo.

E muito menos têm que copiar o expediente usado com os condutores de semi-trailers, reboques, tractores, rectroescavadoras ou gruas, sei lá que mais, trazidos à comparação por um excêntrico e despropositado desvio linguístico, porque não estamos a falar da mesma realidade, com todo o respeito pelos profissionais destas geringonças.
Nesta profissão, aos 55 anos, não se podem esperar soluções assentes em favores, muito menos em requalificações, tipo "chega praí",que parece que é o que está na moda.

Profissão de risco e antecipação da idade da reforma são direitos, naturais e legítimos, dos profissionais das AHBs.

A reivindicação da profissão de risco e da antecipação da idade da reforma para os profissionais das AHBs tem que ser, pela sua lucidez e justiça, uma preocupação imediata das estruturas representativas, que devem estar na linha da frente, com propostas ousadas e inovadoras, que rompam com modelos viciados e inconsequentes.

Deixemo-nos de conversa da treta.
Nos tempos de hoje, batermo-nos pelo reconhecimento da profissão Bombeiro como uma profissão de risco e desgaste rápido, é uma exigência de justiça, um imperativo ético e uma aposta de alcance estratégico.

É altura de dar o passo em frente!

Se puderem, entretanto, façam o favor de ser felizes!
Publicada por Zingarelho Rm