"Mulheres de Armas" - VIDA DE BOMBEIRO

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sábado, 14 de março de 2015

"Mulheres de Armas"


As desigualdades sociais entre géneros são uma realidade evidente na maioria das sociedades organizadas. Algumas das barreiras colocadas às mulheres acentuam-se em particular na vertente económica, mais visível na diferença salarial, atribuição de cargos públicos com responsabilidade e até na gestão de empresas privadas, numa tendência que está a sofrer mudanças de forma gradual.

Ainda esta semana o Parlamento Europeu aprovou um relatório sobre a igualdade de género na União Europeia, que aborda várias questões relacionadas com a diferença salarial, a participação das mulheres no mercado de trabalho, o impacto da crise e a pobreza.

Na região já existem casos de mulheres que ocupam posições que normalmente são ocupados por homens.

O fim gradual da tendência sexista é exemplificado na corporação dos Bombeiros Voluntários de Entre-os-Rios, em Penafiel, em que a voz de comando pertence a uma mulher.
Isaura Rocha, de 34 anos, é a comandante daquela corporação de bombeiros e tem a seu cargo 52 elementos do quadro activo, 46 de reserva e 40 em escolinhas.

Na freguesia de Freamunde, concelho de Paços de Ferreira, os eleitores elegeram Armanda Fernandes para assumir a presidência da junta, tornando-se na primeira mulher na história da democracia portuguesa a assumir um cargo do género no concelho pacense. É ainda a presidente da Associação de Socorros Mútuos de Freamunde.

Isaura Rocha, uma das duas mulheres do distrito do Porto a desempenhar funções de comandante dos bombeiros, confessa nunca ter sentido discriminação na corporação de Entre-os-Rios, Penafiel, defendendo que "o género representa até mais-valias no cumprimento de funções".

"No meu corpo de bombeiros, nunca senti qualquer tipo de descriminação ou preconceito", disse Isaura Rocha de 34 anos, ao Imediato.

A "senhora" comandante, com mais de 20 anos de "casa" reconheceu teve o "trabalho facilitado por ter crescido entre eles (os bombeiros)", seguindo as pisadas do próprio pai, também ele bombeiro, ao ponto, acrescentou, de "muitos dos actuais homens" a terem visto nascer e andado com ela ao colo.

Bem diferente foi o processo de aceitação fora de portas, quando há oito anos foi convidada para assumir o cargo de adjunto de comando, tornando-se na primeira mulher no distrito a desempenhar tais funções.

Isaura Rocha confessa ter ficado "apreensiva" e, ao mesmo tempo, "receosa pelas (novas) responsabilidades, "não pelo genero, mas pela função", sem nunca ter perdido de vista a ideia de que a mudança de mentalidades teria de começar por algum lado.

Mudou mentalidades

"Na altura, foi muito complicado integrar um mundo que até então pertencia aos homens, duvidaram das minhas capacidades enquanto adjunta, por ser mulher, e fui olhada de forma diferente e com apreensão nas primeiras reuniões dos quadros de comando", recordou.

As mudanças e adaptações, acrescentou, foram "profundas", citando, a titulo de exemplo, que, em função da sua presença, (os colegas) "tiveram que adaptar as conversas, até então exclusivamente de homens e para homens".

Comandante há um ano

Isaura venceu as dificuldades iniciais, sendo aceite pelos seus pares masculinos, e, em Entre-os-Rios, continuou a dar passos em frente, assumindo, há um ano atrás, as funções de comandante (igual no distrito só na corporação de Póvoa de Varzim).

"Hoje já não existe tanta discriminação e, se dúvidas existissem, nós, mulheres, temos a mesma capacidade e outras mais-valias que fazem com que o trabalho corra ainda melhor", defendeu, acrescentando que "as mulheres conseguem ser mais organizadas, mais observadoras, mais perfeccionistas, mais sensíveis e mais emotivas do que os homens". "Eu percebo bem os meus bombeiros e eles também sabem que sou mais emotiva, e isso é bom e é mau", concluiu.

Corporação penafidelense exemplo de inclusão

A comandante Isaura Rocha não é a única mulher nos Bombeiros Voluntários de Entre-os-Rios e isso inclui a presidência da direcção da corporação, a cargo de Filomena Pereira, além de outros elementos femininos nos quadros da corporação.

Esta responsável, que nunca aspirou ao cargo que hoje desempenha sente-se "uma protegida", lembrando que, "no grupo, os homens tentam proteger muito as mulheres", tendo para consigo "um sentimento paternal".

Fonte: Imediato