Enfermeiros do INEM: Uma Dupla Profissão - VIDA DE BOMBEIRO

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sábado, 15 de novembro de 2014

Enfermeiros do INEM: Uma Dupla Profissão

Óscar Marinho tem 33 anos de idade e é enfermeiro de bloco e do INEM. Para além da correria e da ansiedade de salvar vidas na rua, também há a obrigação de o fazer no hospital. 
O seu maior objectivo? Salvar vidas sempre que possível.

Com que idade pensou seguir o caminho da enfermagem?
Surgiu na altura em que se tomam as decisões críticas que vão definir a nossa vida. Não era uma opção inicial, mas acabou por surgir e ainda bem que assim foi.

Porquê essa escolha?
Porque sempre foi uma profissão que me disse alguma coisa. Estar em contacto com pessoas em estado debilitado foi uma das coisas que me levou a tomar esta opção. É muito importante ajudar aqueles que precisam.

Quando tomou a decisão de seguir enfermagem, pensou vir a trabalhar no bloco ou no INEM?
Eu tive a possibilidade de escolher, mas normalmente dão-nos opções quando começamos a trabalhar e dessas escolhemos a que queremos seguir. Só quando começamos a trabalhar é que temos consciência do que queremos fazer, mas nem sempre há essa possibilidade. No conjunto de opções que nos propõem pode não estar aquela que realmente desejamos. Ao longo da carreira podemos ter a oportunidade de mudar de serviço. Eu tive sorte de me ter sido dada essa opção inicialmente e aceitei desde logo.

Esta profissão foi uma escolha pessoal?
Foi. Eu podia ter seguido aquilo que quisesse, nunca me impediram de nada, nem sequer me influenciaram.

Apoiaram-no na escolha?
Sim. Apoiaram-me na escolha desta profissão, como apoiariam noutra escolha qualquer.

O que sente quando vai ajudar a operar?
Na primeira vez que tive de cumprir essa tarefa ia muito nervoso e inseguro. Estamos sempre a aprender, temos muitas perspectivas e tentamos fazer o melhor.

Quando corre mal, como reage?
Temos de estar preparados psicologicamente para tudo, faz parte do nosso trabalho. Acaba por se ter a sensação de impotência. Mas cada um vive as situações à sua maneira.

Ir para o INEM foi uma opção?
Sim, foi uma opção. É algo que sempre me atraiu dentro da minha área. É diferente da vida hospitalar, pois temos o contacto primário com as situações. Significa estar em cima do acontecimento e poder fazer alguma coisa, quando possível.

Como se sente quando tem uma saída no INEM?
Há uma dose de ansiedade. Vamos para uma situação que nos é relatada, mas só no local é que vemos do que realmente se trata. Pelo caminho fazemos um plano mental dos procedimentos a tomar no local.

Como reage quando a situação não corre pelo melhor?
É mais complicado do que no bloco porque temos contacto directo com as vítimas, e às vezes com familiares ou outras pessoas que assistiram ao acidente. Essas pessoas esperam que nós sejamos uma equipa de salvamento, mas nem sempre se consegue responder às expectativas. É complicado lidar com este tipo de situações. No hospital a situação é mais controlada.

Como caracteriza a sua profissão?
É especial, importante e necessária.

Nunca se arrependeu da profissão que escolheu, nem nunca pensou em desistir?
Não, nunca porque é um desafio. Não sabia o que era a enfermagem antes de ingressar na área. É preciso ter vocação e às vezes só se tem noção dessa vocação quando se tem contacto com as situações.

Outra profissão, nunca foi opção?
Também gosto muito das tecnologias, mas acabei por tomar esta decisão e não me arrependo. Espero continuar em enfermagem porque não é uma profissão estagnada, há sempre novos desafios. Não é uma profissão rotineira. Todos os dias há casos novos.

É uma profissão que pode interferir na vida pessoal e afetá-lo psicologicamente?
Temos de fazer uma gestão psicológica dos acontecimentos e de nos tentar abstrair das coisas mais trágicas. A nível pessoal também interfere porque os horários são incertos, os turnos cansativos e os fins-de-semana preenchidos. Não é uma profissão muito favorável para se ter estabilidade pessoal e familiar.

Sente que as pessoas dão valor ao que faz?
Sim.

E sente-se gratificado com a sua profissão?
Muito! Principalmente quando são situações de sucesso. Isso faz-nos sentir bem interiormente.

Por Joana Teixeira in Bloco de Notas