15h00 do último sábado. Um helicóptero tenta aterrar no heliporto de Baltar mas o aparelho chega com problemas a esta freguesia do concelho de Paredes.
Após algumas manobras caracterizadas pelo insucesso, o piloto não evita o desastre: o helicóptero cai e rapidamente pega fogo. No interior da aeronave seguem seis pessoas. Quatro delas ficam apenas com ferimentos ligeiros, mas dois dos passageiros apresentam um estado considerado grave.
Para acudir a todas foi accionado o Plano de Emergência do Heliporto de Baltar e, em poucos minutos, 25 bombeiros das cinco corporações do concelho de Paredes agregam-se no local. A eles juntam-se elementos do INEM, da GNR e dos Serviços Municipais de Protecção Civil. Uns para prestar o apoio médico especializado. Outros para cortar a estrada e ordenar o trânsito. E a Protecção Civil para organizar a logística necessária.
O fogo é extinto em cerca de um quarto de hora, permitindo que as vítimas sejam retiradas do helicóptero e encaminhadas para as seis ambulâncias que, entretanto, chegam a Baltar. Depois de estabilizados, pilotos e passageiros da aeronave são conduzidas ao Hospital Padre Américo, em Penafiel, onde são tratados a diversos tipos de lesões.
Novo Plano de Emergência
O cenário e os momentos descritos aconteceram, mas não passou de uma encenação levada a cabo pelos bombeiros do concelho de Paredes. Objectivo? Testar o novo Plano de Emergência do Heliporto de Baltar. "O último Plano de Emergência terminava agora e havia a necessidade de fazer um teste ao que passou a estar estipulado", esclarece Delfim Cruz, comandante dos Bombeiros Voluntários de Baltar.
O novo documento não traz grandes alterações relativamente ao seu antecessor. "A única alteração é a introdução de um novo veículo mais adequado ao combate a incêndios em infraestruturas aeronáuticas", revela o mesmo responsável.
O exercício foi acompanhado por inspectores do Instituto Nacional de Aviação Civil e por altas patentes da Autoridade Nacional de Protecção Civil. Entidades que, agora, vão realizar relatórios sobre o que foi bem feito, mas essencialmente sobre os aspectos negativos do actução dos bombeiros e que têm de ser melhorados. Correcções fundamentais para que uma eventual intervenção seja eficaz.
Mas, mesmo antes do briefing que se seguiu ao simulacro, Delfim Cruz já avançada com um balanço positivo. "Conseguimos extinguir o fogo e retirar as vítimas do helicóptero em 15 minutos. Todas as corporações conseguiram responder com eficácia. Estão todos preparados", garantia.
Simulacro em números
25 bombeiros em combate
15 minutos para extinguir o incêndio
6 ambulâncias deslocadas
6 feridos transportados ao hospital
5 corporações envolvidas
3 militares da GNR implicados
2 elementos do INAC observaram exercício
1 VMER accionada
Helicóptero do INEM abandonou base aérea em 2012
O heliporto de Baltar foi inaugurado em Julho de 2010, numa cerimónia presidida pelo então ministro da Administração Interna, Rui Pereira. O governante visitou uma área com cerca de 17 mil metros quadrados que contempla, para além da pista, um hangar e edifícios de apoio que podem acolher dois pilotos, um mecânico, um médico e um enfermeiro. Isto porque o heliporto de Baltar permite voo nocturno e está operacional 24 horas por dia.
Esta infra-estrutura custou quase dois milhões de euros e era apontada como uma peça central no organograma da segurança e protecção civil em Portugal. "[O heliporto]não servirá apenas para o combate aos fogos florestais. Esta base aérea poderá funcionar ainda como plataforma em missões de segurança, de socorro ou até de controlo de trânsito", afirmou, à data, Rui Pereira.
No âmbito desta estratégia, em Março de 2011 o helicóptero do INEM passou a estar sedeado permanentemente em Baltar. E era daí que levantava voo para acudir a situações de emergência em quase toda a região Norte.
Mas, em Setembro de 2012, uma nova reforma definiu que o helicóptero do INEM saísse de Baltar para se sedear em Macedo de Cavaleiros. A medida provocou muitas críticas, mas o certo é que desde então o heliporto de Baltar funciona apenas como base aérea utilizada pra reabastecer aeronaves. A excepção acontece nos principais meses de Verão, altura em que um helicóptero usado no combate aos fogos florestais fica estacionado em permanência em Baltar.
Fonte: Verdadeiro Olhar