Vítor Gomes é o Primeiro Comandante de Bombeiros Luso-descendente no Luxemburgo - VIDA DE BOMBEIRO

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quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Vítor Gomes é o Primeiro Comandante de Bombeiros Luso-descendente no Luxemburgo

“Ofereci-me aos 14 anos como voluntário e a razão é simples, quando era muito pequeno, a cave do prédio onde moravam os meus pais em Esch-sur-Alzete incendiou-se e os bombeiros foram chamados ao local para nos acudir. Houve um bombeiro que me agarrou ao colo e me retirou e desde aí que quis ser bombeiro”, contou Luis Oliveira Gomes ao «Mundo Português».

Aos 25 anos concretizou o seu sonho de criança: ser bombeiro. Vítor Oliveira Gomes nasceu no Luxemburgo e seus pais, Manuel Gomes da Silva e Clementina, são naturais de A-Ver-o-Mar, cxoncelho da Póvoa de Varzim. É o mais jovem bombeiro a assumir o posto no Luxemburgo e o primeiro comandante luso-descendente.

Diz que optou só pela nacionalidade luxemburguesa “devido ao péssimo serviço do consulado de Portugal no Luxemburgo e para não andar sempre com dificuldades em renovar os meus documentos de identificação portugueses", mas afirma adorar Portugal, visitar a terra dos pais muitas vezes e falar bem o português. Numa breve passagem por Lisboa este jovem que comanda os bombeiros da cidade luxemburguesa de Schifflange, falou com o «Mundo Português». A sua estadia de férias em Portugal, como cicerone da sua namorada, iniciou-se na terra natal dos pais, desceu depois ao Algarve e regressou por Lisboa e Sintra.

Voluntário desde os 14 anos de idade
O seu pai, assinante de longa data deste jornal, foi um dos que se envolveu na nobre causa da “contagem do tempo de tropa para efeitos de reforma” e o Vítor lembra-se bem da luta do seu pai, em nome de tantos companheiros, para que o Estado português fizesse justiça, para com os que defenderam Portugal na Guerra Colonial. Foi uma causa perdida e daí certamente também uma das razões por não ter optado pela dupla nacionalidade.

Sobre o seu percurso e a sua escolha de tão nobre missão profissional, em regime de voluntariado, sempre em prol de ajudar os outros, conta-nos. “Ofereci-me aos 14 anos como voluntário e a razão é simples, quando era muito pequeno, a cave do prédio onde moravam os meus pais em Esch-sur-Alzete incendiou-se e os bombeiros foram chamados ao local para nos acudir. Houve um bombeiro que me agarrou ao colo e me retirou e desde aí que quis ser bombeiro. A minha irmã já estava nos bombeiros, era tripulante nas ambulâncias, onde se alistou, e a minha vontade crescia todos os dias, apesar de ter que esperar pelos meus 14 anos e lutar contra a relutância dos meus pais, que me diziam que primeiro estavam os estudos. Como passei de ano, a minha irmã lá os convenceu a deixar-me alistar na secção jovem dos bombeiros”.

Ganhamos “sessenta minutos por hora”
Durante alguns anos, Vítor Gomes, saía das aulas de português e, passava uma hora por dia nas instalações dos bombeiros. Tinha exercícios às terças e sextas feiras. Acabada a escola de bombeiros, e depois de todos os cursos exigidos veio a desempenhar o lugar de sub-comandante e neste ano de 2014 assumiu mesmo os comandos da corporação. “O antigo comandante, ao fazer sete anos de funções de comando, deixou a função, apesar de ainda os ajudar como voluntário e foi-me feito o desfio” recorda. Gostava de ser profissional bombeiro, ou seja só ter esta profissão já que, bombeiro não é o seu “ganha pão”. 

No Luxemburgo só os bombeiros da capital são profissionais, todos os outros são voluntários e a comuna de Schifflange não tem verbas para contratar mais pessoal, refere. Schifflange, é uma cidade com cerca de 10 mil habitantes. “Se um dia a câmara municipal optar por me contratar como profissional, deixo o meu emprego e passo só a ser bombeiro” refere o jovem comandante.
Vítor Gomes trabalha numa multinacional automóvel, é mecânico com certificação profissional, embora esteja no atendimento e apoio pós venda aos clientes.

Por mês, as saídas dos bombeiros são muitas, desde incêndios a desastres nas estradas. Sob o seu comando, 30 homens e duas mulheres e, só recebem do Estado 1 euro por hora, valor simbólico do seu voluntariado, mas cuja missão é tão profissional como a das corporações que tem só bombeiros, como única exclusiva profissão. Todos os voluntários têm que cumprir um mínimo 10 horas por mês de permanência no posto de comando.

“Ganhamos 60 minutos por hora” refere o Vitor a sorrir, daí o grande problema de aliciar jovens para esta nobre missão “ já que se optarem pelo futebol mesmo nos escalões baixos ganham alguma coisa”. Fazemos tudo o que em Portugal está incumbido à Proteção civil, serviço de 112, ambulâncias, refere Vitor Gomes “temos troços de auto-estrada que estão na nossa jurisdição”. Os meios de que a corporação dispõe são do Estado e da câmara.

Vítor sai do emprego em Leudelange e vai direto para o quartel dos bombeiros. É no silêncio da noite, quando está de serviço, que muitas vezes recorda os casos mais dramáticos do dia a dia e que tem que enfrentar e que lhe dão alento para ser bombeiro, como o senhor que teve um ataque cardíaco e que ajudou a salvar, e recordando aquele bombeiro que o salvou do fogo em casa dos pais, quando era criança...


Fonte: Mundo Portugues

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