Em Braçal, a Destruição pelo Fogo não se Esquece. A Ajuda Nunca Chegou - VIDA DE BOMBEIRO

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terça-feira, 7 de outubro de 2014

Em Braçal, a Destruição pelo Fogo não se Esquece. A Ajuda Nunca Chegou

O dinheiro prometido pelo Governo não chegou e os prejuízos provocados pelos incêndios na Serra do Caramulo saíram do bolso dos moradores.

Começa, esta terça-feira, o julgamento de dois homens suspeitos de terem ateado vários fogos na Serra do Caramulo. Já passou mais de um ano, mas na aldeia de Braçal, uma pequena povoação na Serra do Caramulo, concelho de Tondela, a desgraça provocada pelo fogo ainda está bem viva.

O dinheiro prometido pelo Governo não chegou e os custos com as pequenas obras foram garantidos pelo bolso dos moradores. Por aqueles que tiveram dinheiro - os outros continuam com os prejuízos à porta.

O cheiro a fumo que hoje se sente na Aldeia de Braçal vem de um assador que prepara as sardinhas para um dia de festa, a festa dos anjos da Guarda. Mas, há pouco mais de um ano, o fumo era outro e a população da aldeia tinha sido evacuada por causa dos incêndios.

Gilberto Pereira, de 60 anos, lamenta ainda não ter recebido qualquer ajuda. “O ministro veio ao Caramulo anunciar que tinha nove milhões de euros para o pessoal afectado e até hoje nem os canos pagaram, ninguém tinha água em casa, tivemos que os comprar. Eles vieram cá fazer um inquérito dos prejuízos: canos, animais… Foi um pró-forma, e há pessoal que não tem dinheiro”, alerta.

É o caso de Maria Fernandes, de 67 anos. Comprou três cabras, que vieram substituir as que perdeu no incêndio, mas não tem dinheiro para fazer um novo barracão, que as abrigue. “Se calhar, nem me dão nada, mas, se me dessem o dinheiro, fazia um curralzinho para meter as cabras”, revela.

Poucos são os que, por aqui, avançam um cálculo preciso dos prejuízos, mas António Martins, de79 anos, fá-lo, com recurso à moeda antiga. “Queimaram-me os pinhais todos, fiquei sem nada, perdi mais de três mil contos. Temos que esquecer, não recebemos nada, ninguém ajuda nada”, sorri, ainda assim, perante a desgraça.

Os habitantes de Braçal tiveram que ser evacuados da pequena aldeia, na altura em que o fogo rompeu a Serra do Caramulo. Esta pode ser uma memória que não se apaga mas “tem que se esquecer o passado”, dizem, até porque hoje é dia de festa.

O julgamento dos dois suspeitos de terem ateado vários fogos de grandes dimensões na Serra do Caramulo, em Agosto de 2013, começa esta terça-feira na secção de proximidade de Vouzela.

Detidos há cerca de um ano, os dois acusados respondem por crimes de homicídio qualificado, incêndio florestal e ofensa à integridade física, imputando-lhes o Ministério Público a autoria dos incêndios que provocaram a morte de quatro bombeiros, vários feridos e prejuízos elevados na serra do Caramulo.

Fonte:Renascença

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