Coração de Bombeiro - VIDA DE BOMBEIRO

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sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Coração de Bombeiro

Numa sociedade fechada em si mesmo, em que cada cidadão tende em cumprir não mais que o seu papel, mas que não se inibe em imiscuir no trabalho dos outros, em analisar criticar ou avaliar mesmo aquilo que desconhece, o bombeiro consegue ainda preservar a imagem de herói, de ícone de coragem quase inconsequente que lhe permite salvar vidas.

Essa imagem ainda poética, não corresponde à verdade, obviamente, até porque os bombeiros são humanos por isso também erram, também hesitam, sentem medo e choram, características banais e que, talvez por isso, tornem estes homens e mulheres tão especiais. Apesar de iguais na essência são diferentes na ação, porque se aceitam como são para se superarem todos os dias.

Normalmente, nas cerimónias de bombeiros, mais concretamente nos momentos de homenagem e tributo aos operacionais, são enaltecidos o rigor, o profissionalismo, a bravura e a forma destemida como enfrentam as mais distintas missões. Num destes dias, o comandante Bruno Tomás, dos Voluntários de Almoçageme, no discurso por ocasião do 119.º aniversário do seu corpo de bombeiros, falou com emoção, das emoções sentidas pelos homens e mulheres nos mais adversos teatros de operações.

Depois de homenagear com um louvor os 25 bombeiros que estiveram envolvidos nas operações de resgate dos corpos do casal no Cabo da Roca, o comandante com a voz embargada falou das dificuldades desta missão muito mediatizada, em que os olhos do mundo estiveram colocados nas movimentações não só dos bombeiros mas em todas as entidades envolvidas. 

Bruno Tomás falou do profissionalismo e preparação dos seus operacionais, mas sem esconder que esta intervenção marcou pela componente mais humana, com o drama de duas crianças que assistiram à morte dos seus pais, que ficaram sozinhas no centro de uma tragédia de dimensões inimagináveis. Por isso, esta foi uma missão, também, cumprida com o coração, até porque era impossível ficar indiferente ao sofrimento, mesmo para os bombeiros, tantas e tantas vezes confrontados com a fatalidade.

Não é a farda que faz um bombeiro, nem tão pouco qualidades especiais quase sobre-humanas, mas tão-somente a firme determinação em salvar vidas em minimizar o sofrimento dos outros.

Todos podemos ser melhores e os bombeiros são!



Sofia Ribeiro in Jornal Bombeiros de Portugal

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