Polícia Vigia Menor Suspeito de Incêndios Enquanto Aguarda Processo que Pode Levar ao Internamento - VIDA DE BOMBEIRO

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sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Polícia Vigia Menor Suspeito de Incêndios Enquanto Aguarda Processo que Pode Levar ao Internamento

Imagem Ilustrativa 


PJ sugeriu avaliação psicológica que pudesse eventualmente conduzir ao internamento num centro educativo, mas o MP preferiu esperar. Já estava sinalizado pela Comissão de Protecção Crianças e Jovens, mas nenhuma medida de protecção terá sido tomada.

Tem apenas 13 anos e já é suspeito de ter ateado pelo menos sete incêndios que no Verão passado consumiram centenas de hectares na Covilhã. 

Num deles, morreu um bombeiro de 41 anos cercado pelas chamas. O jovem saía de casa de madrugada e percorreria de bicicleta os montes da zona onde terá ateado os incêndios. Depois alertava os bombeiros e ajudava-os a chegar ao local, segundo a Polícia Judiciária.

A PJ da Guarda, que concluiu esta sexta-feira a investigação, e a GNR local estão a vigiar a menor enquanto se aguarda o processo tutelar educativo que pode levar ao seu internamento pelos crimes, adiantou fonte policial. Em causa estarão crimes de incêndio e de homicídio, porém, o menor deverá ser julgado num Tribunal de Família e Menores. É inimputável à luz da lei penal aplicada a adultos.

A PJ sugeriu há quatro meses num relatório que o menor fosse alvo de uma avaliação psicológica que pudesse eventualmente conduzir ao seu internamento num centro educativo, mas o Ministério Público terá preferido esperar pelas conclusões do inquérito, apontou fonte judicial. Sem uma medida cautelar de guarda (o equivalente à prisão preventiva para adultos), o menor continua, por isso, na mesma casa de onde saiu várias noites no Verão de 2013 para despoletar os fogos.

O PÚBLICO questionou a Procuradoria-Geral da República, que não respondeu.

Também a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens da Covilhã sinalizou o menor há já algum tempo, mas até agora não terá sido tomada qualquer medida de protecção, confirmou fonte próxima do processo. Aquela comissão recusou prestar esclarecimentos ao PÚBLICO. O menor continua a viver no seio de uma família carenciada. Mora com a mãe, desempregada há vários anos, e com a irmã, mais velha.

O jovem terá agido motivado por questões pessoais. A perda do pai, que morreu há cerca de um ano, terá “provocado sentimentos de revolta”. “Sentiu-se perdido com o falecimento do pai”, disse ao PÚBLICO o coordenador da PJ da Guarda, José Monteiro.

Também terá querido vingar alegadas ameaças feitas por proprietários rurais aos seus familiares. Num caso, confrontado com ameaças à mãe de um homem que comprou a casa construída pelo pai. Noutro, face ao assédio sexual que outro homem fez à irmã de 16 anos. A resposta foi a mesma para os dois: ter-lhes-á incendiado os terrenos.

Mas um dos fogos acentuou-lhe a memória de ter perdido o pai, deixando-o abalado. Nesse, morreu um bombeiro, o que poderá explicar por que é confessou às autoridades todos os fogos que ateou, menos esse. A morte do soldado da paz terá perturbado o menor que não conseguiu contar em pormenor o que fez antes do incêndio, apesar de a PJ estar certa de que também nesse caso ele foi o responsável.

O menor só admitiu ter deflagrado seis dos 12 fogos investigados pela PJ, nas freguesias de Tortosendo, Telhado, Vales do Rio, Dominguizo, Paul e Barco.

Foi numa dessas situações, inusitada para um rapaz de 13 anos, que surgiu a suspeita de que seria ele o autor dos fogos. “Alertou as autoridades para um incêndio às 3h40 da manhã, interceptou os bombeiros que iam combater e indicou o melhor caminho para lá chegar”, acrescentou José Monteiro. 

Os fogos investigados pela PJ ocorreram entre Julho e Setembro de 2013. Alguns assumiram grandes dimensões, em especial dois, iniciados a 15 e 23 de Agosto, cujas chamas varreram no total 916 hectares de matos e florestas, ameaçando povoações.

O caso da Covilhã não é inédito. No Verão do ano passado, a PJ identificou pelo menos quatro menores alegadamente autores de incêndios: três de 16 anos, em São João da Madeira, e um de apenas 12 anos em Espinho.




Fonte: Publico

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