Segundo os dados recentemente publicados pela DGS foram responsáveis em 2013 por 11.074 internamentos, tendo falecido 614 destes doentes (5,5%), mortalidade muito superior à mortalidade média de todos os doentes internados.
Já no Relatório do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias de 2013 chamamos a atenção para o facto de nos últimos dez anos não termos conseguido melhorar estes números, que se mantém estáveis ou tendem mesmo a aumentar, sugerindo que estamos a falhar no controle destas doenças.
Esta realidade é tanto mais gritante quanto contrasta com êxitos que têm vindo a ser alcançados em áreas como as doenças cardiovasculares e mesmo os cancros.
Não obstante estas doenças serem o alvo do Pograma Nacional das Doenças Respiratórias os números sublinham a necessidade de ser dado um novo impulso ao combate a estas doenças.
Há a clara sensação de que estas doenças são subvalorizadas e estão sub-diagnosticadas e sub-tratadas.
Esta pouca atenção dada às doenças respiratórias não é só portuguesa. A Revista Lancet publicou esta semana um editorial em que salienta que as doenças respiratórias são sub-priorizadas e negligenciadas não obstante atingirem 6 milhões de britânicos, terem elevada mortalidade e serem responsáveis por um custo anual de 4,7 milhões de libras.
Em Portugal a DPOC foi responsável em 2011 por 2635 óbitos, causou milhares de anos de perda de vida (óbitos antes dos 70 anos) e tiveram um custo de centenas de milhões de euros.
A modificação desta realidade é um tarefa que deve envolver todos. Cada cidadão deve estar consciencializado de que estas doenças, particularmente a DPOC, são uma ameaça séria e devem ser consideradas como um inimigo potencialmente mortal. Mais, a DPOC está intimamente relacionada com o vício de fumar, que deve ser combatido sem tréguas. Todos devem estar alertados para os sintomas destas doenças. Quanto mais precoce for o diagnóstico e o início da terapêutica mais facilmente a doença será controlada.
Os doentes não devem subestimar a sua doença e devem estar conscientes de que sofrem duma doença crónica que, como na diabetes, a hipertensão e outras necessita de grande disciplina dos doentes no cumprimento permanente das terapêuticas instituídas. Devem combater os falsos mitos acerca das terapêuticas inalatórias que, na verdade, são eficazes e seguras.
O diagnóstico precoce é fundamental e para isso é urgente que a Rede Nacional de Espirometria entre em pleno funcionamento pois que esse exame é essencial ao diagnóstico e rastreio da DPOC. É uma responsabilidade das autoridades de saúde.
É fundamental uma maior atenção dos médicos a estas doenças. Também eles as subestimam, como se pode depreender do facto de apenas cerca de 10% dos potênciais doentes com DPOC estrem referenciados como tal pelos médicos de família.
Será provavelmente importante continuar a investigar na procura de novas terapêuticas ainda mais eficazes e melhor aceites pelos doentes. As terapêuticas destas doenças são dispendiosas e têm um regime de comparticipação do SNS inferior ao doutros medicamentos usados noutras doenças crónicas. Tal poderá contribuir para uma menor aderência às terapêuticas.
É pois urgente avaliar bem o problema da DPOC e da Asma e desenhar estratégias adequadas e que contribuam para a melhoria do panorama das doenças respiratórias crónicas em Portugal.
Texto: Teles de Araújo
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