Incêndios Provocam mais Danos em Concelhos Despovoados e Com Menos Bombeiros - VIDA DE BOMBEIRO

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terça-feira, 29 de julho de 2014

Incêndios Provocam mais Danos em Concelhos Despovoados e Com Menos Bombeiros

Uma investigação dos professores Paulo Reis Mourão e Vítor Martinho concluiu que os incêndios florestais provocam mais danos em concelhos despovoados, com menos bombeiros ao dispor na região e com baixa despesa municipal para o ambiente.

Paulo Reis Mourão, professor da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho e Vítor Martinho, professor da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Viseu, avaliaram os incêndios e áreas ardidas nos municípios portugueses entre os anos 2000 e 2011, com o trabalho intitulado “Choices of the fire: debating socioeconomic determinants of the fires observed in Portuguese municipalities”, publicado na revista “Forest Policy and Economics”, sendo um dos primeiros estudos a avaliar uma grande variedade de fatores socioeconómicos neste âmbito.

Em declarações ao Diário do Minho, Paulo Reis Mourão afirmou que “os fogos florestais alastram mais em áreas desertificadas (que se identificam pela sua densidade populacional, atividade bancária local ou número de novas empresas), mas alastram também nas áreas onde escasseiam os operacionais de combate por quilómetro quadrado de atuação imediata, ou seja, os poucos efetivos existentes no respetivo concelho e nos concelhos vizinhos”.

A investigação levada a cabo pelos dois professores propõe que se combatam os incêndios através de uma gestão integrada entre bombeiros, voluntariado e associações.

Para Paulo Reis Mourão, “a profissionalização do setor melhorou a remuneração, preparação e seleção de operacionais. Porém, minimizou as virtudes da ação voluntária realizada durante dezenas de anos, com a entrega pronta das pessoas na defesa do património e dos familiares e o seu maior conhecimento da imensidão e variedade do território”.

Para além destes fatores, Paulo Reis Mourão destaca que a fraca aposta dos municípios na prevenção ambiental é outro dos critérios que potencia danos florestais avultados, tais como a perda irreparável da vida de bombeiros e civis, bem como os longos períodos de reflorestação, com a quebra de rendimentos de proprietários afetados e a desvalorização de ativos públicos e privados.

O estudo “Choices of the fire: debating socioeconomic determinants of the fires observed in Portuguese municipalities” sugere uma melhor gestão das matas a nível infra e supra municipal, defendendo a articulação entre proprietários, associações, corporações e Proteção Civil em planos de sustentabilidade ambiental e um quadro legal mais eficaz.

Na visão do investigador da Universidade do Minho, “é difícil controlar o fogo como desejamos,mas devemos aprender com os erros cometidos na gestão, controle e combate a incêndios, para minimizar perdas futuras”.


Fonte: Segurança Online

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