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Mais de 150 bombeiros das equipas de combate a incêndios florestais do distrito de Bragança estão a participar num estudo inédito a nível nacional para avaliar as consequências para a saúde da exposição aos perigos do fogo.
A iniciativa partiu de um desafio lançado por um jovem estudante bombeiro voluntário de Macedo de Cavaleiros à Escola Superior de Saúde de Bragança que conta com a parceria do Instituto Nacional Ricardo Jorge, da Faculdade de Engenharia do Instituto Superior de Engenharia do Porto.
O trabalho divide-se em três fases e consiste em questionários, análises clínicas, avaliação da capacidade respiratória e outras condições físicas antes, durante e depois da época crítica de incêndios florestais, como explicou à Lusa a coordenadora do projeto, Adília Fernandes.
"Atendendo a que eles estão expostos a muitos fatores de risco pretendemos avaliar a qualidade de vida e capacidade para o trabalho e pretendemos perceber como é que estes tóxicos que são inalados por eles podem dificultar e prejudicar a sua saúde", concretizou.
Durante p combate aos fogos, alguns operacionais vão transportar equipamento para medir no momento a qualidade e os componentes do ar que estão a respirar.
As condições em que "trabalham podem influenciar o desempenho", pois a " inalação do fumo pode provocar hipoxia que vai perturbar a capacidade de decisão".
A coordenadora espera ter os primeiros resultados no final do ano, mas avançou que a intenção é prolongar este estudo por cinco anos para perceber não só os problemas a curto prazo, como os respiratórios ou cutâneos, mas também problemas que podem surgir a longo prazo.
"Vamos também tentar perceber o dano genético, o que esta inalação de fumo pode provocar nos bombeiros", indicou.
Ao identificar os fatores de risco, este projeto espera também poder "sugerir medidas que venham a diminuir a exposição", nomeadamente que os resultados do estudo possam contribuir para melhorar os equipamentos de proteção.
Inicialmente este era "um projeto pequenino" para ser desenvolvido em Macedo de Cavaleiros e que foi alargada às 15 corporações do distrito de Bragança por sugestão da federação de bombeiros.
A coordenadora garante que "é a primeira vez que se faz um estudo destes com todas estas avaliações e em cenário real" e está disponível para alargar o âmbito a nível nacional se houver interesse, nomeadamente de outros parceiros.
Para Paulo Ferro, bombeiro há 10 anos em Bragança, o mais importante "é prevenir os problemas respiratórios" e atualmente dispõem apenas da cógula (mascara de pano) que filtra alguns constituintes e de mascaras específicas que "são muito caras", mas que, segundo disse, falham por impedir a entrada suficiente de oxigénio.
Leonel Pires é bombeiro há 24 anos e é a primeira vez que é confrontado com uma iniciativa deste género, que espera "venha a melhorar a vida" a vida dos voluntários".
Mesmo sem resultados científicos, a experiência destes profissionais testemunha que com o passar dos anos, além de consequências psicológicas e físicas, são notórias "algumas diferenças ao nível da resistência e na capacidade de inspiração".
Sara Gonçalves, de 20 anos, voluntariou-se para este estudo tal como faz para o combate aos incêndios florestais, há quase quatro anos.
Ainda que o estudo confirme que "afeta a qualidade de vida", garantiu que vai continuar a ser bombeira e a ir para a frente de combate às chamas "sem dúvida alguma".
Fonte: noticias ao minuto
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