Boa noite amigos.
Antes demais desejar-vos a todos um Bom Natal.
Estando hoje a trabalhar, e como já não é a primeira vez que acontece estar a trabalhar na noite de Natal, hoje apetece-me partilhar alguns sentimentos que se vão vivendo ao longo da noite.
O dia de hoje começou bem cedo, logo pelas sete da manhã, foi um dia tranquilo, com pouco serviço felizmente. Com o passar das horas, vai-se começando a sentir uma coisa estranha dentro de nós, uma coisa difícil de explicar, com o passar das horas, chega o momento em que teremos algum tempo com a família antes de se enfrentar aquela que é, a noite de Natal no corpo de bombeiros.
Nesta noite janta-se cedo, muito cedo, e para mim não foi excepção, por volta das 18h30 já estava à mesa a comer um bom bacalhau acompanhado de batatas como manda a tradição. Em casa da minha avó "emprestada" já se vivia a confusão habitual da noite de Natal com os miúdos ansiosos com a chegada do Pai Natal.
Jantei no meu canto acompanhado do meu filho mais novo, o Rodrigo, que me ia dizendo que se comesse tudo que vinha o Pai Natal, e que este ia entrar pela chaminé, mas para eu não me preocupar porque ele ia ficar sujo mas ia fazer uma magia e voltava a ficar limpinho, como é bom ser criança, como é bom ter 4 anos, como é bom ter um filho assim...
O tempo de jantar "voou" e chegava a hora de voltar ao quartel para enfrentar mais uma noite de trabalho, mais uma noite de Natal ao serviço de quem precisa, e acreditem, o que mais custa é deixar os filhos para trás.
Vesti o casaco de agasalho, coloquei o gorro de pai natal, dei um beijo de boa noite aos meus filhos e à minha esposa, e despedi-me de toda a família com votos de uma boa noite e continuação de bom natal.
Quando se sai porta fora numa altura destas, vem à mente mais que nunca aquela velha sina, "sei que vou mas não sei se volto".
A viagem até ao quartel dura pouco mais de dois minutos dada a proximidade, e nestes dois minutos sou invadido por um sentimento estranho, um sentimento que não é de alegria nem de tristeza, um sentimento que me parece mais uma dádiva de Deus, pois nem todos podem ser o que nós somos, nem todos conseguem ter o dom que nós temos, nem todos conseguem viver o que nós vivemos, nem todos conseguiriam largar a família na noite de natal, (ossos do oficio).
Agora, aqui sentado no meu corpo de bombeiros, aguardo que o telefone toque, na realidade tenho esperança que isso não aconteça, porque será um bom sinal para todos.
Neste momento a minha família, são os camaradas que estão de serviço comigo, e acreditem, que por muito que nos custe estar aqui, sim porque podem dizer o que disserem mas numa noite destas custa muito estar aqui, nós daremos sempre o nosso melhor em prol daqueles que precisem do nosso auxilio, porque sabemos do que somos capazes, porque sabemos que esta é a nossa vida, esta é a nossa missão, a missão da "Vida por Vida" para que outros vivam.
Amigos, com um sentimento estranho à mistura, sentimento esse que sei que permanecerá até de manhã à hora de saída, desejo-vos uma vez mais, Um Santo e Feliz Natal, e aproveitem a presença da vossa família, porque numa noite como esta, é o que podemos ter de melhor.
José Filipe,
Sejam Felizes!
Feliz Natal!